Mamonas Assassinas | |
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Os membros da banda em meados de 1995. Da esquerda para a direita: Dinho, Júlio Rasec, Samuel Reoli, Bento Hinoto e Sérgio Reoli | |
Informação geral | |
Também conhecido(a) como | Mamonas |
Origem | Guarulhos, SP |
País | Brasil |
Gênero(s) | rock cômico |
Período em atividade | 1989–1994 (como Utopia) 1995–1996 (como Mamonas) |
Gravadora(s) | EMI |
Afiliação(ões) | Utopia |
Integrantes | Dinho Bento Hinoto Samuel Reoli Júlio Rasec Sérgio Reoli |
Ex-integrantes | Márcio Araújo |
Mamonas Assassinas, comumente abreviado como Mamonas,[1] foi uma banda brasileira de rock formada em Guarulhos em 1995, originada da banda Utopia.[2][3] Notabilizaram-se por suas composições que conciliavam pop rock com gêneros musicais populares, tais como sertanejo, heavy metal, pagode romântico, vira e forró, e também por suas apresentações irreverentes e excêntricas. Tais fatores tornaram o grupo um notável expoente do rock cômico, gênero antagônico ao rock alternativo que seus integrantes vinham aplicando no repertório da banda Utopia.
A banda esteve em atividade durante poucos meses, pois, em 1996, devido a um acidente aéreo de comoção nacional, todos os membros da banda, que eram Dinho (vocal), Júlio Rasec (teclado, percussão e vocais), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo) e Sérgio Reoli (bateria), morreram quando a aeronave na qual voavam com destino a Guarulhos se chocou contra a Serra da Cantareira.[2][3][4][5] Em seus pouco mais de 8 meses de trajetória, eles gravaram um único álbum de estúdio, Mamonas Assassinas, lançado em junho de 1995 e que vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil,[4][6] feito que lhes rendeu um certificado de disco de diamante comprovado pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).[7] Duas músicas desse disco, "Vira-Vira" e "Pelados em Santos", foram incluídas entre as 10 canções mais ouvidas do país no ano de 1995. Além disso, foram lançados de forma póstuma, reunindo tanto materiais inéditos quanto gravações antigas, álbuns como: Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua! (1998), Ao Vivo em Valinhos (2002), Mamonas Ao Vivo (2006), One: 16 Hits (2009) e Pelados em Santos (2011).
A banda foi uma das pioneiras do gênero de rock cômico no Brasil, e continua sendo celebrada e influenciando o cenário nacional da música mesmo muito tempo após seu fim.[6][8] Atualmente, o seu único disco lançado prevalece como um dos 10 álbuns mais vendidos do Brasil em todos os tempos.[9]
Ver artigo principal: Utopia (banda brasileira) |
Em março de 1989, Sérgio Reis de Oliveira (que mais tarde adotaria o nome artístico de Sérgio Reoli), ao trabalhar na empresa de máquinas de escrever Olivetti, conheceu Maurício Hinoto, irmão de Alberto Hinoto (que mais tarde adotaria o nome artístico de Bento Hinoto). Ao saber que Sérgio era baterista, Maurício decidiu apresentar o irmão, que tocava guitarra. A partir daí, Sérgio conheceu Alberto e decidiram criar uma banda. Na época, Samuel Reis de Oliveira (que mais tarde adotaria o nome artístico de Samuel Reoli), irmão de Sérgio, não se interessava em música, preferindo desenhar aviões. Contudo, ao ver Sérgio e Bento ensaiarem em sua casa, Samuel se interessou pela música e passou a tocar baixo elétrico. Estava formada, assim, a "cozinha" da banda, com baixo, guitarra e bateria. Os três formaram o grupo Utopia, especializado em "covers" de grupos como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Rush, entre outras.[10]
O Utopia passou a apresentar-se na periferia da Grande São Paulo. Durante um show realizado em julho de 1990 no Parque Cecap, um conjunto habitacional de Guarulhos, o público solicitou que o trio executasse a canção "Sweet Child o' Mine", da banda americana Guns N' Roses. Como desconheciam a letra, pediram a um dos espectadores que subisse ao palco para ajudá-los. Alecsander Alves (que mais tarde adotaria o nome artístico de Dinho) voluntariou-se para cantar. Mesmo não sabendo a letra, sua performance e embromation provocaram grandes risadas da plateia. E foi assim que, com sua performance escrachada, garantiu o posto de vocalista da banda.[10]
Em 1990, por intermédio de Sérgio, o tecladista Márcio Araújo (que mais tarde passou a ser conhecido como "O Sexto Mamonas") foi inserido ao grupo. O último integrante a entrar para o Utopia foi Júlio Cesar Barbosa (que mais tarde adotaria o nome artístico de Júlio Rasec). Júlio era amigo de Dinho e foi incorporado para auxiliá-lo nas canções cover em inglês, além de atuar como percussionista e realizar consertos de fios e cabos dos equipamentos da banda, quando necessário.[11]
Com esta formação, a banda continuou tocando em locais de pouca expressão de São Paulo e região. Em uma das suas entrevistas, o baterista Sérgio Reoli revelou que os melhores shows para a banda eram os beneficentes porque não gastavam nem ganhavam dinheiro. Sérgio, também em entrevista, conta que eles foram fazer um show no interior e chegaram a dormir no próprio palco, já que o dinheiro mal deu para pagar a Kombi, e, ainda por cima, na volta, Dinho, ao tentar impressionar uma menina dirigindo o veículo alugado, quebrou a caixa de marchas.
Em 1992, a banda conheceu Rick Bonadio, e em seu estúdio produziram o vinil Utopia, seu primeiro e único disco independente, composto por 6 canções. Das mil cópias produzidas, apenas cem foram vendidas. Naquela época, Márcio Araújo cursava engenharia civil na Universidade de Guarulhos, e a rotina de ensaios e viagens tornou-se um obstáculo para seus estudos e projetos profissionais. Por conta disso, ele passou a diminuir seu ritmo na banda, não indo nos ensaios aos finais de semana, quando havia aulas na faculdade e nas viagens que fossem em dias úteis. Pelo mesmo motivo, não chegou a gravar nenhuma das faixas do disco vinil Utopia, embora apareça na fotografia da capa.[11][12] Com a saída do estudante da banda, Júlio Rasec passou a ser o tecladista e backing vocal.[11]
Aos poucos, os integrantes começaram a perceber que as brincadeiras e canções de paródia que faziam nos ensaios para se divertirem eram mais bem recebidas pelo público do que covers e canções sérias. Gradualmente, foram apresentando nos shows algumas paródias musicais, com receio da aceitação do público. Os ouvintes, porém, aceitavam muito bem as canções escrachadas. Dessa forma, eles passaram a adotar o perfil cômico pelo qual ficariam mais conhecidos.
A maior vontade da banda Utopia era se apresentar no principal ginásio da cidade de Guarulhos, o Ginásio Paschoal Thomeu (conhecido como Thomeuzão), que requer um mínimo de reconhecimento do artista que lá for se apresentar. Dinho e Júlio foram pedir para um dos funcionários do ginásio para fazer uma preliminar para um show de Guilherme Arantes, e ele respondeu que o local era "um ginásio para grandes bandas, não para bandinha". O vocalista, ao ser barrado, discutiu com a autoridade e disse que no futuro eles seriam chamados para tocar no ginásio a pedido da própria prefeitura.[13]
Ver artigo principal: Mamonas Assassinas (fita demo) |
As músicas não estavam totalmente prontas e durante aquela gravação fomos arrumando os arranjos e letras. Dinho fez boa parte das letras durante a gravação das bases. Risadas e mais risadas. Bagunça total, eles eram divertidos, espontâneos e ali naquele momento nasceram as primeiras canções. Tinha cortado meu cabelo quase careca e ele me apelidou de Skinhead e até usou essa palavra na canção ‘Robocop Gay’ só pra me zuar (não perdia a piada nunca).[14] | ||
— Rodrigo Castanho, produtor e técnico de masterização, sobre a gravação da demo tape. |
Após perceberem que eles deveriam mudar de perfil, adotando uma veia mais cômica, gravaram uma fita demo[15] com duas canções. Rodrigo Castanho, produtor e técnico de masterização, foi quem acompanhou a gravação, que ocorreu em uma madrugada do mês de outubro de 1994, no antigo estúdio do produtor Rick Bonadio, na zona norte de São Paulo. Os músicos gravaram as faixas “Mina (Minha Pitchulinha)”, que mais tarde seria conhecida como “Pelados em Santos”, e “Robocop Gay”. Segundo Castanho, boa parte das letras foram criadas naquele momento.[14] A canção "Robocop Gay", começou a ser escrita em setembro de 1994 sob encomenda para um "showmício".[16]
Na manhã seguinte, Castanho encontrou-se com o produtor Rick Bonadio, e elogiou as canções, dizendo que havia "dado risada a noite inteira".[17] Bonadio, então, escutou as faixas e adorou as canções (segundo o próprio, "a coisa mais engraçada que já havia ouvido na vida"[18]). Ao ouvir a primeira faixa, Rick imaginou que ela poderia ser a primeira canção de trabalho da banda, mas ela teria que ficar menos brega e ganhar uma sonoridade mais rock n' roll.[17]
Rick Bonadio se reuniu com o grupo e sugeriu que a mudança de perfil, além da composição das canções, deveria ser completa, a começar pelo nome. Os nomes sugeridos pelos próprios músicos foram: "Um Rapá da Zé", "Tangas Vermelhas", "Coraçõezinhos Apertados"[19] e "Os Cangaceiros de Teu Pai". E então o baixista Samuel sugeriu "Mamonas Assassinas do Espaço",[20][21] que foi reduzido para "Mamonas Assassinas".[21] Este nome, de duplo sentido, casou-se perfeitamente com o novo perfil da banda.
Além do nome, como a banda passou a adotar uma via mais cômica, os integrantes trocaram seus nomes e seus figurinos, que passou a ser menos rock n' roll, e mais caricato. Em 2010, a Rede Record, numa matéria de Arnaldo Duran para o Jornal da Record, mostrou a primeira apresentação do Utopia em um programa de televisão. Foi no programa Sábado Show, no quadro "Oficina", aberto a bandas de garagem.[22] Nas imagens, é possível perceber o figurino dos músicos do Utopia. Bento, por exemplo, aparece com o cabelo curto e de boné. E os outros com cabelos bem compridos.[23]
A partir da mudança de perfil, eles passaram a sempre se apresentar vestidos de Chapolin Colorado, de presidiários, bonés extravagantes e cabelos pintados, e, claro, com uma postura mais brincalhona no palco.[24][25]
Uma nova gravação da demo foi feita. "Mina (Minha Pitchulinha)" ficou mais pesada e passou a ser chamada "Pelados em Santos". "Robocop Gay" ganhou uma nova mixagem e "Vira-Vira" foi gravada pela primeira vez.[17]
A banda enviou a fita demo com as três canções ("Pelados em Santos", "Robocop Gay" e "Vira-Vira") para três gravadoras, entre elas Sony Music e EMI. Rafael Ramos, baterista da banda Baba Cósmica e filho do diretor artístico da EMI, João Augusto Soares, gostou tanto da sonoridade da banda que insistiu na contratação.[26] Rafael dava dicas para o pai sobre bandas novas que enviavam suas canções para a gravadora.
Num primeiro momento, João Augusto Soares se negou a assinar com a banda. Mas Rafael insistiu, e conseguiu que em 7 de abril de 1995 seu pai assistisse a um show da banda. Conforme relata o livro Mamonas Assassinas: Blá, Blá, Blá - A Biografia Autorizada, "quando João Augusto de Macedo Soares, 39 anos, vice-presidente da gravadora EMI Odeon, seu filho Rafael, 16, e o produtor independente Arnaldo Saccomani enfim chegaram, a boate Lua Nua estava quase vazia. Eram dez e trinta da noite meio fria de 7 de abril de 1995".[10][27]
Após assistir ao show, imediatamente João Augusto assinou contrato com eles.[28]
Porém, antes de gravar o disco, surgiu um problema: a EMI queria pelo menos 10 canções para o CD. A banda mentiu, informando que já tinham 7 canções e que em 1 semana poderiam compor as demais, sendo que na verdade eles só tinham as 3 enviadas a gravadora. Em uma semana, eles conseguiram compor 12 canções, totalizando 5 a mais do que o mínimo exigido pela gravadora. Em maio de 1995, a EMI mandou todos os integrantes para Los Angeles, nos Estados Unidos, para gravar o seu único disco. Inicialmente, o álbum seria lançado com 15 canções, porém uma delas não foi lançada; a canção "Não Peide Aqui Baby", paródia da canção "Twist and Shout", dos Beatles, foi censurada devido à grande quantidade de palavras de baixo calão. Ricardo "Rick" Bonadio (apelidado pela banda de "Creuzebek") ficou responsável por gravar, lançar os músicos e também vender os shows.[29] Após gravar o disco, que foi lançado no dia 23 de junho de 1995, a banda ainda sim passou desapercebida nas lojas. Porém, no dia seguinte, quando a 89 FM A Rádio Rock tocou a canção "Vira-Vira", o álbum ganhou reconhecimento pela mídia. Foi o disco de estreia que mais vendeu no Brasil.[30]
Apesar de letras politicamente incorretas, os Mamonas fizeram tremendo sucesso entre o público infantil.[31] Segundo Eduardo Vicente, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) (em seu artigo Segmentação e consumo: a produção fonográfica brasileira - 1965-1999), "aparentemente, o fenômeno Mamonas demarcou uma tendência diferenciada na canção infantil, pela qual o visual clean e as letras inofensivas de apresentadoras (como Angélica, Xuxa e Eliana) foram substituídas pela incorreção política (e gramatical), pelas expressões de duplo sentido e pela aparência quase ofensiva de figuras como Tiririca (Sony, 1996) e ET & Rodolfo (Virgin, 1998)".[32]
Mesmo assim, houve censura nas canções do grupo. Por considerar as letras das canções indecentes demais, um então diretor da Radiobrás resolveu proibir sua execução na rede oficial de rádio. A determinação foi retirada por ordem da presidência da empresa. O diretor foi demitido.[33]
Com o estrondoso sucesso comercial, saíram em uma turnê, apresentando-se em programas como Jô Soares Onze e Meia, Domingo Legal, Programa Livre, Domingão do Faustão e Xuxa Park. Em fevereiro de 1996, foram destaque da capa da Billboard, em reportagem sobre as inéditas vendagens do disco de estreia.[34]
No dia 6 de janeiro de 1996, eles tocaram no Thomeuzão, em Guarulhos, que anos antes os havia rejeitado.[35]
Este show ficou marcado por conta da banda de abertura desse show terem sido os próprios Mamonas Assassinas porém vestidos de acordo com a banda Utopia e tocando músicas do antigo grupo (realizando o desejo deles de anos antes) e também por vídeos amadores que mostram o momento em que Dinho senta no palco e, em tom de desabafo, manda uma mensagem energética, repleta de energia positiva e críticas àqueles que não acreditaram no seu trabalho, dizendo que nunca se deve deixar de acreditar nos seus sonhos, pois ele e os demais integrantes sempre quiseram se apresentar ali porém eram rejeitados.[13] A apresentação recebeu um público de dezoito mil pessoas. "Um juiz não queria deixar as crianças entrarem, mas tanta gente protestou que ele liberou depois", diz Ana Paula Rasec, irmã de Júlio.[34]
Os cinco integrantes preparavam uma carreira internacional, com partida para Portugal agendada para 3 de março de 1996, porém faleceram num acidente aéreo um dia antes.[36]
O logotipo da banda é uma inversão da logomarca da Volkswagen, colocada de cabeça para baixo (com a adição de uma barra horizontal para formar o A), formando assim um M e um A de "Mamonas Assassinas". Dois veículos da empresa alemã são citados nas canções: em "Pelados em Santos", a Volkswagen Brasília, e em "Lá vem o Alemão", a Volkswagen Kombi. Também usavam como identidade visual um logotipo que consistia numa mamona com sorriso.
As letras das canções do grupo geralmente continham críticas sociais. Em "Robocop Gay", Dinho e Júlio Rasec criticavam os preconceitos contra a homossexualidade. Já na canção "Mundo Animal", o vocalista faz referência a caça das baleias e caracterizam o Homem como cruel.[37] A banda também se mostrou contra as propagandas exageradas na música "1406", canção cujo próprio título se refere a um número de televendas.[38]
Devido ao sucesso midiático em 1995 e 1996, os Mamonas Assassinas triplicavam a audiência das emissoras nas quais participavam. Como consequência disso, existia briga entre as emissoras para trazer os músicos aos programas. Segundo Rick Bonadio, a Rede Globo de Televisão tentou contratá-los por 3 anos exclusivos, mas a EMI, por considerar que isso iria atrapalhar os seus negócios, barrou[35] (ela já havia barrado anteriormente, pelo mesmo motivo, a venda de produtos licenciados,[35] que, por isso, só foram lançados postumamente). Na época que eles fizeram inúmeros shows, eles foram apelidados de "rolo compressor" devido ao distanciamento de outras bandas que escolhiam não tocar nas cidades onde os Mamonas Assassinas se apresentavam, consequência da relevância do quinteto na época. O reconhecimento, porém, causou uma rejeição vinda de alguns círculos musicais e jornalísticos.[26]
Ver artigos principais: Acidente do Learjet 25D prefixo PT-LSD em 1996 e Fotos dos Mamonas Assassinas mortos |
No dia 2 de março de 1996, enquanto voltavam de um show em Brasília, o jatinho Learjet em que viajavam, modelo 25D prefixo PT-LSD, chocou-se contra a Serra da Cantareira, às 23h16, numa tentativa de arremetida, matando todos que estavam no avião.[39]
O enterro, no dia 4 de março de 1996 no cemitério Parque das Primaveras, em Guarulhos, São Paulo, fora acompanhado por mais de 65 mil fãs (em algumas escolas, até mesmo não houve aula por motivo de luto).[40][41] O enterro também foi transmitido em TV aberta, com canais interrompendo sua programação normal.[42]
Os Mamonas Assassinas sempre tiveram uma certa relação com aviões.
Em geral, os Mamonas conseguiram sucesso entre todas as faixas etárias,[50] mesmo com canções "politicamente incorretas" que não deveriam tocar em rádios, por conta dos palavrões[51] (e mesmo sendo formada pelos mesmos integrantes do "fracassado" grupo Utopia), e como se tornaram ídolos do público infantil.[52]
Segundo a crítica especializada, a fórmula de sucesso do grupo estava calcada em letras de humor escrachado e canções ecléticas, de apelo pop, que parodiavam estilos diferentes, como rock, heavy metal, brega e até o vira português, entre outros.[53] Para Rafael Ramos, produtor musical que descobriu os Mamonas, “tinha muita coisa estourando na época, mas ninguém fazia algo tão engraçado. O que veio depois era cópia. Eles eram muito carismáticos e, além disso, chegaram antes de muita gente”.[51]
Outra questão levantada é qual o legado deixado por eles, já que as letras de suas canções eram apelativas - como a de "Robocop Gay", que sofreu duras críticas de grupos LGBTs[54] - e mesmo sofrendo duras críticas da mídia especializada,[55] e mesmo sendo tachados de ridículos e palhaços da canção pela crítica especializada.[50]
Para muitos, a alegria e o humor irreverente, marcas do comportamento de seus jovens integrantes, liderados pela comédia natural do vocalista, aliado a letras irreverentes, figurinos exóticos e performance estilo pastelão, foi o legado deixado pelo grupo.[56][57]
A utilização do nome dos Mamonas Assassinas, sob licença autorizada pelos membros das famílias, foi motivo de muita disputa e especulação. As empresas queriam utilizar o nome dos Mamonas, em produtos alimentícios, refrigerantes, brinquedos, roupas, tênis e revistas em quadrinhos, entre outros, já que vários produtos piratas já estavam sendo comercializados aos montes.[59] Assim sendo, no entender do empresário Sami Elia, não havia oportunismo no uso comercial que as empresas queriam dar à marca Mamonas, uma vez que as famílias dos integrantes da banda, de classe média baixa de Guarulhos, tinham todo o direito de usufruir do sucesso conquistado por seus filhos.[60]
Desta forma, logo após a tragédia que vitimou a banda, milhares de produtos com a imagem da banda foram comercializados, a saber:
Ainda em 1996, a EMI lançou o CD-ROM Mamonas Assassinas, com imagens, vídeos, falas e fotos dos integrantes da banda Mamonas Assassinas, bem como histórias em quadrinhos, jogos eletrônicos e muito humor.[64]
Poucos meses após o acidente trágico, a MTV Brasil lançou o DVD MTV na Estrada - Mamonas Assassinas, que traz imagens de shows do grupo em turnê pelo Brasil.[53]
1997 foi o ano do lançamento da edição histórica do álbum A Fórmula do Fenômeno, da Banda Utopia. Intitulado A Utopia dos Mamonas, continha todas as canções do A Fórmula do Fenômeno, e mais duas faixas não lançadas.[26]
O ano de 1998 ficou marcado pelo lançamento do álbum Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua!, formado basicamente por versões ao vivo das canções do único álbum de estúdio dos Mamonas, extraídas de um show em São Paulo.[65]
As inéditas "Joelho" (presente no vinil Utopia, de 1992) e "Onon Onon", além de uma versão em espanhol de "Pelados em Santos", intitulada "Desnudos en Cancún", foram lançadas como single promocional do álbum.[66]
Em 2002, foi lançado o DVD Show Ao Vivo em Valinhos 1996 (Arquivo Familiar), que traz imagens de um show realizado na cidade de Valinhos, São Paulo, em 1996, em comemoração aos 100 anos da cidade.[67]
O álbum Mamonas Ao Vivo foi lançado em 2006 e extraído de uma apresentação da banda no Anhembi, em São Paulo. Ele inclui a canção inédita "Não Peide Aqui Baby", que deveria ter sido lançada no álbum homônimo, mas que foi excluída por conter palavras de baixo calão.[68]
No dia 10 de julho de 2008, a Rede Globo exibiu o especial Por Toda Minha Vida - Mamonas Assassinas, em homenagem ao grupo.[69] O programa bateu o recorde de audiência do horário, com 26 pontos de média no IBOPE.[70] O especial foi reprisado outras duas vezes, no dia 10 de março de 2010[71] e 5 de março de 2016,[72] além de ter sido lançado em DVD pela Globo Marcas/Som Livre em 2009.[73]
Em 2009, foi lançado o primeiro documentário sobre a banda. Intitulado Mamonas, o Doc, o documentário é dirigido por Cláudio Kahns, e mostra a trajetória da banda desde antes da fama até o auge da carreira.[74]
Em 2011, foi lançado o documentário Mamonas para sempre, também dirigido por Claudio Khans. No ano seguinte, os Mamonas Assassinas foram indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria Melhor Trilha Sonora.[75]
Em abril de 2013, o colunista Flávio Ricco, do portal UOL, informou que o diretor e produtor do documentário negociou com a Fox Channel a venda dos direitos para a realização de um filme sobre a banda.[76]
Em julho de 2013, Rick Bonadio, produtor musical do grupo, convidou o cantor Falcão, a banda Contra as Nuvens e os músicos Gee Rocha e Daniel Weksler, ambos do NX Zero, para gravar uma música inédita composta pelo tecladista Júlio Rasec e guardada desde então por sua irmã, Ana Paula, em um caderno. A canção, que sairia em um segundo álbum, é chamada “Renato, o Gaúcho”, e foi lançada na edição de 2013 do reality show Fábrica de Estrelas, do Multishow, apresentado por Rick Bonadio.[77] Foi feito um videoclipe para a canção, em que aparecem algumas imagens dos Mamonas.[78]
Em comemoração aos 20 anos do fenômeno Mamonas Assassinas, saiu a notícia que uma gravadora independente estaria produzindo um CD intitulado Mamonas: 20 anos de Fenômeno, que traria o registro de um show do grupo. Porém, a gravadora não anunciou qual o ano e o local deste show, nem o mês de lançamento deste novo disco.[79]
Em 2016, foi lançado O Musical Mamonas em homenagem aos 20 anos de morte da banda, com texto de Walter Daguerre e direção de José Possi Neto.[80]
Em 2016, a Record anunciou o projeto de uma minissérie televisiva chamada Mamonas Assassinas - A Série, prevista para ir ao ar em julho do mesmo ano.[81] Devido a problemas no enredo, porém, o projeto foi adiado.[82] Em 2018, a emissora paulista informou que o projeto havia sido retomado, mas ainda sem previsão de lançamento. O projeto inclui ainda um longa-metragem sobre a banda, com a compactação dos capítulos.[83] As gravações ocorreram em 2023,[84] e embora a série tivesse sido agendada para setembro do mesmo ano,[85] acabaria reduzida só ao filme Mamonas Assassinas - O Filme.[86] O quinteto do filme - o cantor Ruy Brissac, que também fez Dinho no musical; o guitarrista Beto Hinoto, sobrinho de Bento; mais o baterista Rhener Freitas, o baixista Adriano Tunes e o tecladista Nelson Bonfim - faria uma série de apresentações tocando as músicas dos Mamonas em 2023.[87]
Em maio de 2018, Tor Sakata e Ruy Brissac lançaram a canção "Vai Aê", cuja letra foi postumamente atribuída a Dinho. A obra inacabada teria sido encontrada no ano anterior, em rascunhos do falecido cantor, por Santana, seu primo. Brissac complementou a letra, inserindo alguns trechos novos.[88]
O grupo era formado por 5 integrantes, sendo eles:
Nome completo | Nome artístico | Nascimento | Função | Idade à época do falecimento |
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Alecsander Alves Leite | Dinho | 5 de março de 1971 Irecê, BA |
principal vocalista;[2][4][5] tocava violão | 24 anos |
Alberto Hinoto | Bento Hinoto | 4 de agosto de 1970 Itaquaquecetuba, SP |
guitarrista; tocava violão e também fazia backing vocals | 25 anos |
Júlio César Barbosa | Júlio Rasec | 4 de janeiro de 1968 Guarulhos, SP |
tecladista; consertava os instrumentos e também fazia backing vocals | 28 anos |
Samuel Reis de Oliveira | Samuel Reoli | 11 de março de 1973 São Paulo, SP |
baixista; também fazia backing vocals | 22 anos |
Sérgio Reis de Oliveira | Sérgio Reoli | 30 de setembro de 1969 Guarulhos, SP |
baterista; também fazia backing vocals | 26 anos |
Gravação | Lançamento | Título | Formato | Nota |
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1991 | 1992 | Utopia (LP) | Vinil | |
1991–1992 | 1992 | A Fórmula do Fenômeno | CD | gravaram mil cópias, porém venderam apenas cem. |
1992 | 1997 (postumamente) | A Utopia dos Mamonas | CD | edição histórica do álbum A Fórmula do Fenômeno. |
Álbuns de estúdio
Coletâneas
Álbuns ao vivo