Wilhelm Dilthey | |
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Nascimento | Wilhelm Christian Ludwig Dilthey 19 de novembro de 1833 Wiesbaden-Biebrich, Confederação Alemã |
Morte | 1 de outubro de 1911 (77 anos) Seis am Schlern, Áustria-Hungria |
Cidadania | Reino da Prússia |
Cônjuge | Katharina Dilthey |
Filho(a)(s) | Clara Misch |
Irmão(ã)(s) | Karl Dilthey, Lilly Usener, Marie Dilthey |
Alma mater | |
Ocupação | filósofo, historiador, psicólogo, teólogo, pedagogo, sociólogo, professor universitário, crítico literário, professor |
Prêmios |
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Empregador(a) | Universidade de Breslávia, Universidade de Basileia, Universidade Humboldt de Berlim, Universidade de Quiel |
Escola/tradição | Hermenêutica |
Principais interesses | Verstehen, Teoria da literatura, Crítica literária, História intelectual, Ciências humanas, Círculo hermenêutico, Geistesgeschichte, Facticidade |
Movimento estético | filosofia ocidental |
Religião | igreja evangélica |
Wilhelm Christian Ludwig Dilthey (Wiesbaden, 19 de novembro de 1833 – Siusi allo Sciliar, Castelrotto, 1.º de outubro de 1911)[1] foi um filósofo hermenêutico, psicólogo, historiador, sociólogo e pedagogo alemão. Dilthey lecionou filosofia na Universidade de Berlim. Contribuiu significativamente para o desenvolvimento da hermenêutica e da filosofia da vida no final do século XIX e início do século XX. Sua obra buscava compreender a natureza da experiência humana e a estrutura da vida mental.[2][3][4]
Seus principais conceitos procuram fundamentar as "ciências do espírito" (ciências humanas) como forma de conhecimento, em oposição às "ciências da natureza".[5] Para tal dialoga e aprofunda o pensamento de Kant, John Locke, Auguste Comte, Stuart Mill, Berkeley, Rudolf Hermann Lotze, entre outros.[6]
Começou a frequentar a Universidade de Berlim em 1863. Diplomado com 24 anos, tornou-se professor da Universidade de Basileia. Durante esse período, sob influência do clima positivista que dominava a filosofia alemã, estudou a ótica de Helmholtz e a psicofísica de Fechner.
Seus gostos e sua curiosidade desenvolveram-se com rapidez: dirigiu-se para as pesquisas psicológicas e para estudos históricos e literários. Após lecionar nas universidades de Kiel e Bratislava, ocupou, em 1882, a cátedra de Lotze na Universidade de Berlim. Viveu nesse cidade até sua morte.
Em 1867 Dilthey havia publicado Vida de Schleiermacher e, em 1883, apareceu o primeiro volume de sua Introdução ao Estudo das Ciências Humanas. Nessa obra, o filósofo procurou assegurar uma independência de método às ciências do homem ou ciências do espírito. Essa distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito teria enormes repercussões, causando polêmicas e discussões que perduram até hoje no pensamento filosófico.
Dilthey criticava a abordagem das ciências naturais para o estudo do ser humano, argumentando que as ciências do espírito (Geisteswissenschaften) – a expressão “ciências do espírito”, era utilizada para designar o grupo de ciências que têm como objeto a realidade histórico-social; entre elas, história, economia, ciência do direito, ciência da religião, literatura, música e psicologia.[7] –requerem métodos diferentes. Ele propôs a hermenêutica como a metodologia adequada para as ciências do espírito, enfatizando a importância da compreensão (Verstehen) em oposição à explicação (Erklären) das ciências naturais.[2][3][8]
Para Dilthey, a compreensão envolve a reconstrução do significado e do contexto histórico de expressões da vida humana, como textos, ações e instituições. Ele acreditava que a experiência vivida (Erlebnis) é a base da compreensão, pois é através dela que acessamos o significado subjetivo da vida mental.[2][3] Outro aspecto central do pensamento de Dilthey é sua filosofia da vida (Lebensphilosophie). Ele via a vida como um fluxo contínuo de experiências que não pode ser reduzido a conceitos fixos. A vida é historicamente situada e culturalmente moldada, de modo que a compreensão da vida requer uma abordagem contextual e interpretativa.[2][3]
Dilthey também contribuiu para a filosofia da história, argumentando que as ciências do espírito devem se concentrar na compreensão da singularidade dos eventos históricos, em vez de buscar leis gerais. Ele acreditava que a história é um processo de autocriação da humanidade, no qual os indivíduos e as culturas se expressam e se transformam.[2][3][8]
Nicola Abbagnano, em sua História da Filosofia, descreve que, para Dilthey, a historicidade é essencial ou constitutiva do homem e, em geral, do mundo humano. Em segundo lugar, na concepção de Dilthey, o mundo histórico é constituído por indivíduos que, enquanto "unidades psicofísicas vivas", são os elementos fundamentais da sociedade: é por isso que o objetivo das ciências do espírito é "o de reunir o singular e o individual na realidade histórico-social, de observar como as concordâncias (sociais) agem na formação do singular". Por isso, no domínio das ciências do espírito, a historiografia tem um carácter individualizante e tende a ver o universal no particular (vol. doze. pgs 214-215).
A Filosofia se torna uma das estruturas que constituem uma civilização e o trabalho do historiador seria precisamente captar as relações que, em uma sociedade, ligam as diferentes manifestações do mundo cultural. É sobre este postulado que se apoiam as principais obras históricas de Dilthey, como A Análise do Homem, A História da Juventude de Hegel e Estudo sobre a História do Espírito Alemão.