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R. F. Lucchetti
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Nascimento Rubens Francisco Lucchetti
29 de janeiro de 1930
Santa Rita do Passa Quatro
Cidadania Brasil
Filho(a)(s) Marco Aurelio Lucchetti
Ocupação escritor, roteirista, editor, argumentista de banda desenhada, romancista
Prêmios
Obras destacadas As Máscaras do Pavor
Página oficial
http://www.rflucchetti.com.br

Rubens Francisco Lucchetti, mais conhecido como R. F. Lucchetti (Santa Rita do Passa Quatro, 29 de janeiro de 1930), é um ficcionista, desenhista, articulista e roteirista de filmes, histórias em quadrinhos e fotonovelas.

É considerado o "Papa da Pulp fiction" no Brasil.

Biografia

Seu pai, Américo Lucchetti, era fotógrafo profissional e calígrafo. Fã de literatura policial, o escritor afirma ter tido contato aos 11 ou 12 anos com duas edições da revista Mistérios da Editorial Lu que trazia histórias do herói pulp O Sombra.[1]

É pai do professor universitário e escritor Marco Aurélio Lucchetti,[2] autor de diversos livros sobre histórias em quadrinhos (A Ficção Científica nos Quadrinhos, As Sedutoras dos Quadrinhos, Desnudando Valentina: Realidade e Fantasia no Universo de Guido Crepax) e editor de uma publicação on line, Jornal do Cinema.

Morou em São Paulo (1933-1945 e 1966-1972), Ribeirão Preto (1945-1966 e 1982-1995) e Rio de Janeiro (1972-1982). E, desde o final de 1995, reside em Jardinópolis, que fica a cerca de vinte quilômetros distante de Ribeirão Preto.

Durante 54 anos, foi casado com Teresa Pereira Lima, falecida em 2011.

É autodidata. Frequentou até o quarto ano primário, estudando no Grupo Escolar "Tomas Galhardo", em Vila Romana, na capital paulista.

Além de sua intensa atividade literária e artística, exerceu as mais variadas profissões. Foi desde almoxarife até chefe de escritório.

Vida profissional

Aos treze anos de idade, começou a trabalhar como office boy numa loja de autopeças pertencente a parentes de sua mãe.

A partir de 1948 iniciou sua atividade jornalística; e, durante quinze anos (1948-1963), colaborou em todos os jornais existentes na época em Ribeirão Preto: Diário da Manhã, A Tribuna, A Cidade, O Diário, Diário de Notícias e A Palavra. Escrevia folhetins, contos, poemas e textos sobre Cinema e Literatura. Também publicou na revista pulp X-9[3], publicada pelo jornal O Globo e depois assumida pela Rio Gráfica Editora de Roberto Marinho.[4]

Entre 1953 e 1962, foi proprietário de uma loja, a Monroe Auto Peças Ltda., localizada na Avenida Saudade, em Ribeirão Preto, uma cidade do interior do estado de São Paulo.

Em 1956, atendendo a um pedido de Aloysio Silva Araújo, famoso homem da radiofonia brasileira que, na época, era diretor de broadcasting da PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão Preto, criou: o Grande Teatro de Aventuras, que era apresentado diariamente, de segunda a sexta-feira, nos finais de tarde; e o Grande Teatro A-7, que ia ar nas noites de domingo e que uma vez por mês era substituído pelo Grande Teatro de Mistério.

Foi um dos fundadores do Clube de Cinema de Ribeirão Preto. Entre 1960 e 1962, realizou, em parceria com o artista plástico e cenógrafo Bassano Vaccarini, uma série de filmes de Animação (alguns desses filmes foram pintados na própria película; outros, filmados quadro a quadro), que projetaram nacional e internacionalmente o nome de Ribeirão Preto no cenário cultural.

Entre 1960 e 1965 idealizou, organizou e realizou, sob suas expensas, uma série de manifestações culturais.

A partir de 1960, começou a publicar esporadicamente na imprensa paulistana, escrevendo artigos para os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Shopping News, entre outros.

Em 1961, foi gerente de um dos principais cinemas de Ribeirão Preto: o Cine Centenário, que ficava no centro da cidade.

Em 1964, publicou sua primeira história em quadrinhos, uma adaptação do conto "A Única Testemunha", ilustrada por Paulo Hamasaki,[3]publicada na segunda edição da revista O Corvo, da Editora Outubro.[5] Escreveu inúmeros roteiros de histórias em quadrinhos para alguns dos maiores desenhistas do Brasil, como Nico Rosso, Eugênio Colonnese, Rodolfo Zalla, Julio Shimamoto, Sérgio Lima, José Menezes, Osvaldo Talo, Juarez Odilon, Wilson Fernandes, Sampa (Francisco Ferreira Sampaio), Flávio Colin e Edmundo Rodrigues. Começou a publicar histórias aos doze anos, na década de 1940, seu primeiro texto publicado foi "A Única Testemunha", escrito sob a influência e o impacto da leitura dos contos "O Gato Preto" e "O Coração Revelador", de Edgar Allan Poe. Na maioria das vezes, assinava com pseudônimos (sugeridos quase sempre pelos próprios editores, que não acreditavam num nome latino assinando histórias de Mistério e Horror) ou heterônimos, como Theodore Field, Terence Gray, Mary Shelby, Peter L. Brady, Christine Gray, R. Bava, Isadora Highsmith, Helen Barton, Frank Luke, Brian Stockler e Vincent Lugosi.[6] Escreveu e publicou ao todo 1.547 livros, trezentas histórias em quadrinhos, 25 roteiros de filme e centenas de programas de rádio e televisão e inúmeros contos para revistas pulp.[7][8] Para a editora carioca Cedibra (Companhia Editora Brasileira), que pertencia à espanhola Bruguera, produziu novelas de bolso de Horror e de Detetive & Mistério, além de traduzir autores estrangeiros.[9] Criou dois reality shows (A Mansão dos 13 Condenados e Jogo das Palavras) e escreveu duas peças de teatro. Um de seus livros, Noite Diabólica, publicado em 1963, é considerado "o primeiro livro de Terror escrito no Brasil".[10]

Correspondeu-se, nas décadas de 1960 e 1970, com os críticos e pesquisadores Vasco Granja (de Portugal) e Luis Gasca (da Espanha). Colaborou, durante muitos anos, no jornal A República (de Lisboa), nas revistas portuguesas Celulóide, Plateia e Tintin e na revista norte-americana CTVD: Cinema - Tv - Digest.

Em 1966, poucos meses após haver se mudado para a cidade de São Paulo, iniciou uma parceria com o cineasta José Mojica Marins, para o qual escreveu quase duas dezenas de roteiros de longas-metragens e, entre outras coisas, os scripts dos programas de tevê Além, Muito Além do Além e O Estranho Mundo de Zé do Caixão.

Com o ilustrador, desenhista e quadrinista Nico Rosso, criou diversas revistas de histórias em quadrinhos (A Cripta, O Estranho Mundo de Zé do Caixão, Zé do Caixão no Reino Terror, A Sombra, entre outras), que renovaram os quadrinhos brasileiros de Horror.

Entre junho de 1968 e julho de 1970, foi redator-chefe da Projeção, uma revista destinada aos exibidores cinematográficos.

No final da década de 1960, criou três revistas pulp: Série Negra, Aventura e Mistério e Mistérios.

Para a Editora Prelúdio, fez roteiros de uma revista em quadrinhos de Zé Caixão ilustrada por Nico Rosso,[11] além de roteiros para Juvêncio, o justiceiro do sertão, baseada em uma série de rádio, nordestern (um western ambientado no Nordeste brasileiro),[12][13] além de criar diversas revistas masculinas em pequeno formato: Mulheres em Preto e Branco, Mulheres para Fim de Semana, Mulheres Só para Homens, Show de Mulheres e Show Girl. Logo em seguida, roteirizou a biografia em quadrinhos do apresentador e empresário Silvio Santos, ilustrada por Sérgio M. Lima.[14] De 1972 a 1981 foi um dos editores da Cedibra.

Por intermédio de José Mojica Marins, conheceu, em 1977, o cineasta Ivan Cardoso, para quem escreveu os roteiros dos filmes O Segredo da Múmia, As Sete Vampiras, O Escorpião Escarlate e Um Lobisomem na Amazônia. Na década de 1980, escreveu roteiros para Calafrio e Mestres do Terror, dois gibis de Terror publicados pela Editora D-Arte, de Rodolfo Zalla.

Em 2003, com o lançamento do filme A Liga Extraordinária, publica pela Opera Graphica, o livro Os Extraordinários, onde reconta as seguintes histórias: As Minas do Rei Salomão de Henry Rider Haggard, Drácula de Bram Stoker, 20 Mil Léguas Submarinas de Júlio Verne, O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson, Os Assassinatos da Rua Morgue de Edgar Allan Poe, Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle, além de um texto sobre Jack, o Estripador.[15]

Em 2014, a Editorial Corvo, uma empresa do grupo Editorial ACP, lançou a Coleção R. F. Lucchetti, que irá publicar quinze de seus livros. O primeiro título da coleção é As Máscaras do Pavor.

Em 2015 o radialista e escritor Rafael Spaca lançou o livro "Conversações com R.F.Lucchetti" (Editora Verve).

Ainda em 2015, publicou pela Editora Laços a romantização de seu roteiro original de O Escorpião Escarlate[16]. No ano seguinte, lança a romantização de As Sete Vampiras.

Atualmente, está escrevendo um roteiro de longa-metragem: O Lago das Mortas-Vivas, cujas protagonistas, cinco jovens zumbis, aterrorizam uma pequena cidade do interior do Brasil.

Em 2016 é lançado o curta-metragem "R.F.Lucchetti, a Multiplicidade da Linguagem", de Rafael Spaca.

Em 2018 pela Editora Sebo Clepsidra, publicou Poemas de Vampiros, ilustrado por Anasor e organizado por seu filho Marco Aurélio Lucchetti, que reúne poemas escritos em várias épocas. No mesmo ano, a editora faz um financiamento coletivo no Catarse de uma biografia em quadrinhos de Edgar Allan Poe, escrita por Lucchetti com desenhos de Eduardo Schloesser.[17]

Prêmios

Frases

"Eu tenho horror à realidade. Por isso, sou um ficcionista." R. F. Lucchetti

"Certa vez, li a seguinte afirmação do escritor norte-americano William Faulkner: 'Um escritor é alguém congenitamente incapaz de dizer a verdade. É por isso que o que ele escreve chama-se ficção.' Foi a partir de então que decidi denominar-me corretamente e chamar-me ficcionista." R. F. Lucchetti

"O horror nasceu comigo, está no meu DNA." R. F. Lucchetti

"Antes mesmo de ter o conhecimento da palavra, eu já tinha predileção pelo Fantástico." R. F. Lucchetti

"Eu não vivo no mundo real. Habito um universo povoado por múmias, vampiros, lobisomens, monstros vindos de regiões abissais ou do além, zumbis, fantasmas, damas fatais, detetives particulares, mulheres misteriosas. Em meu mundo, sempre é noite e as ruas são becos escuros e encobertos por um eterno nevoeiro. Em meu mundo, cada esquina esconde um mistério." R. F. Lucchetti

"Mesmo não gostando de admitir, eu sou um dos últimos autores de histórias pulp. E o pulp tem algo só dele: nas histórias, as cenas se sobrepõem ao enredo." R. F. Lucchetti

"Antes de mais nada, você tem de fazer o leitor ou o espectador pensar. Quando isso não acontece, você não é um bom narrador." R. F. Lucchetti

"Quando escrevo, mergulho em meu universo. Então, sou um deus: crio e destruo; e o mundo real, o qual abomino, passa a não existir." R. F. Lucchetti

"Quando escrevo uma história, meu principal desejo é entreter o leitor, fazê-lo esquecer, ainda que por pouco tempo, os problemas do cotidiano." R. F. Lucchetti

"O crime perfeito jamais existiu e jamais existirá, uma vez que o crime praticado é do conhecimento da consciência do criminoso. E pode haver uma testemunha mais implacável do que a consciência?" R. F. Lucchetti

"Sempre gostei da noite. Não me sinto bem no sol, porque ele banaliza as coisas." R. F. Lucchetti

Roteiros

Cinema

Rádio

Televisão

Revistas pulp

Revistas em que colaborou

Revistas que criou

Quadrinhos

Livros

Livros reeditados/Edições revisadas

Livros - Participação em antologias

Livros publicações no exterior

Livros não ficção

Filmes de animação

Manifestações culturais

Referências

  1. O Escorpião Escarlate - do script radiofônico ao roteiro cinematográfico
  2. Brás Henrique (3 de dezembro de 2009). «Conto vira curta em site de cinéfilos». Estadão 
  3. a b Daniel Solyszko (5 de Agosto de 2014). «Rubens Franscisco Lucchetti, o Papa das Pulps, Aterrorizou o Brasil». Vice 
  4. César Nardelli Cambraia e Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida (Dezembro de 2014). No mundo da espionagem. Revista Língua Portuguesa. Editora Segmento
  5. a b O Escorpião Escarlate - do roteiro à tela
  6. Cardoso, Ivan (outubro de 2012). «R. F. Lucchetti, o Lovecraft de Ribeirão Preto». Jornal de Cinema 
  7. Roberto de Sousa Causo (14 de fevereiro de 2009). «Mais de mil livros, mais ainda a escrever». Portal Terra 
  8. [1] EPTV
  9. Bolívar Torres (11 de outubro de 2014). «Papa do pulp, R. F. Lucchetti prepara a sua volta». O Globo 
  10. Piper, Rudolf (1978). «Theodore Field? Terence Gray? Não! Rubens Francisco Lucchetti!». São Paulo: Argos. O Grande Livro do Terror!. 38 páginas 
  11. André Barcinski e Ivan Finotti (1998). Maldito - Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. [S.l.]: Editora 34. 420 páginas. 9788573260922 
  12. João Antonio Buhrer de Almeida (6 de setembro de 2010). «Arquivos Incríveis: Juvêncio, O Justiceiro: O Cowboy Mascarado do Brasil». Bigorna.net 
  13. Rodrigo Fonseca (1 de agosto de 2013). «Pilar do 'nordestern', o faroeste 'O cangaceiro' chega aos 60 anos sem tributos à altura de seu sucesso». O Globo 
  14. Vida de Silvio Santos em história em quadrinhos de 1969 é relançada
  15. Os Extraordinários apresenta heróis clássicos da literatura
  16. Regis Martins (18 de outubro de 2015). «O retorno do mascarado». A Cidade 
  17. A Vida e os Amores de Edgar Allan Poe (HQ)
  18. «O retorno de R.F. Lucchetti às livrarias». HQ Maniacs. 29 de setembro de 2014. Consultado em 30 de novembro de 2014. Arquivado do original em 6 de dezembro de 2014 
  19. João Antonio Buhrer de Almeida (6 de setembro de 2010). «Arquivos Incríveis: Juvêncio, O Justiceiro: O Cowboy Mascarado do Brasil». Consultado em 5 de dezembro de 2014 
  20. Rafael Spaca (17 de abril de 2011). «Rubens Francisco Lucchetti, um artista acima dos rótulos!». Bigorna.net 
  21. Baraldi, Marcio (2021). «A Múmia moderna de Ignácio Justo». Graphic Book: Múmia. [S.l.]: Criativo Editora 
  22. Aguiar Oliveira da Silva, José (6 de setembro de 2019). «O estranho mundo de Zé do Caixão" por R. F. Lucchetti: diálogos multimídia e hibridismo no terror brasileiro» (PDF). Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
  23. Abbade, Mario "Fanaticc" (5 de outubro de 2005). «Um Lobisomem na Amazônia | Crítica». Omelete. Consultado em 31 de dezembro de 2022 

Ligações externas