Nina Rodrigues
Nina Rodrigues
Nascimento 4 de dezembro de 1862
Vargem Grande, MA, Brasil
Morte 17 de julho de 1906 (43 anos)
Paris, França
Ocupação médico
Instituições Faculdade de Medicina da Bahia
Especialidade medicina legal, psiquiatria
Pesquisa antropologia

Raimundo Nina Rodrigues (Vargem Grande, 4 de dezembro de 1862Paris, 17 de julho de 1906) foi um médico legista, psiquiatra, professor, escritor, antropólogo e etnólogo brasileiro. Notório eugenista, foi ainda dietólogo, tropicalista, sexologista, higienista, biógrafo e epidemiologista.

Nina Rodrigues é considerado o fundador da antropologia criminal brasileira e pioneiro nos estudos sobre a cultura negra no país. Foi o primeiro estudioso brasileiro a abordar a temática do negro como questão social relevante para a compreensão da formação racial da população brasileira, apesar de adotar uma perspectiva racista, nacionalista e cientificista em seu livro Os Africanos no Brasil (1890-1905).[1]

Vida

Filho do coronel Francisco Solano Rodrigues e de dona Luísa Rosa Nina Rodrigues, que seria descendente de um grupo de judeus que fugiam de perseguições na Península Ibérica,[2] Nina nasceu na Fazenda Primavera, município de Vargem Grande, no Maranhão, onde passou a infância sob os cuidados da madrinha negra, que auxiliava sua mãe nos afazeres com a prole de sete filhos. Casou-se com Maria Amélia Couto Nina Rodrigues, conhecida como D. Maricas, e o casal teve apenas uma filha, Alice, que morreu logo depois do pai. Foi também genro do conselheiro Almeida Couto e concunhado de Alfredo Thomé de Britto, diretor da Faculdade de Medicina da Bahia de 21 de agosto de 1901 a 4 de junho de 1908, este casado com D. Júlia de Almeida Couto Britto.[3][4][5]

Estudou no Colégio São Paulo e no Seminário das Mercês, em São Luís. Segundo as suas próprias referências e as de seus colegas, parece ter tido uma saúde frágil. Em 1882, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, seguindo o curso até 1885, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, onde concluiu o quarto ano de faculdade. Voltou à Bahia no ano seguinte, quando escreveu seu primeiro artigo, sobre a lepra no Maranhão — "A Morféa em Anajatuba (Maranhão)".[6]

Retornando ao Rio em 1887, concluiu o curso em 10 de fevereiro de 1888, defendendo a tese Amiotrophias de origem periférica, sobre três casos de paralisia progressiva numa família. No ano de 1888, clinicou em São Luís, mantendo consultório na antiga rua do Sol, hoje Nina Rodrigues. No Maranhão, realizou pesquisas sobre padrões de alimentação do povo, publicando seus resultados no jornal Pacotilha. Por causa de um desses artigos, em que atribui os problemas de saúde da população carente à má alimentação, foi apelidado de "Doutor Farinha Seca".[7] Em 1889 passou a ocupar a cadeira de adjunto de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Bahia. Neste mesmo tempo vinha a dedicação a escrever artigos para a Gazeta Médica da Bahia, chegando à sua direção em 1891. Nesse mesmo ano é transferido para a cadeira de Saúde Pública, sendo professor de medicina legal. Tentou por várias vezes a criação da habilitação específica para perito médico que só veio a acontecer anos depois.[2] Incompreendido e hostilizado por seus conterrâneos médicos, resolve fugir do provincianismo e do apelido derrisório, retornando no mesmo ano à Bahia, que será sua morada definitiva.[6]

No dia 5 de abril de 1906, o médico foi indicado como delegado para representar a Faculdade de Medicina da Bahia no Quarto Congresso Internacional de Assistência Pública e Privada, que aconteceria em Milão, na Itália, nos dias 23 e 27 de maio. O estado de saúde de Nina não estava bom depois de ter contraído uma grave infecção durante uma viagem que realizou ao Conde, que fica no litoral norte da Bahia. Para se recuperar da infecção, foi para a cidade de Alagoinhas, que fica a 100 Km da capital baiana. Dias depois ele retorna com estado de saúde melhor a Salvador para receber o convite da Universidade. Porém no dia da partida para a Europa, ele se encontrava pálido e débil, apesar da sua recuperação. Embarcaram com ele a sua esposa, Maria Amélia Couto Nina Rodrigues, e sua filha, Alice Nina Rodrigues, que na época tinha doze anos. Durante a viagem marítima, a doença avançou e na noite do desembarque ao aportar em Lisboa no dia 17 de maio, Nina apresentou uma crise de hemoptise, que é quando uma quantidade de sangue oriunda das vias aéreas e dos pulmões passa pela glote.[8][9] Assim que chegou a Portugal, recebeu atendimento médico. O exame radiológico dos pulmões atestou excluiu uma possível tuberculose pulmonar e um jornal da capital lusitana, o "Correo da Europa" publicou na sua edição que Nina sofria de câncer no fígado. Apesar do jornal afirmar tal enfermidade, os diagnósticos médicos apontavam também para uma possível colecistite calculosa. A solução era uma operação, a qual Nina se negava a fazer.[9]

Na época, Paris era o centro mais avançado em saúde no continente europeu, logo o médico maranhense se encaminhou para a França no dia 19 de junho e é bem recebido pelos colegas de profissão. Em território francês, enquanto a doença avança, recebe diferentes diagnósticos como dilatação do coração e da aorta, tuberculose do pericárdio, abcesso aureolar do fígado e tuberculose da pleura, pericárdio e do diafragma. Apesar da doença, ele seguia obstinado com suas funções. Dias depois de uma melhora da enfermidade, Nina Rodrigues foi visitar fornecedores dos instrumentos que viriam a equipar o futuro instituto médico-legal que estava em construção na cidade de Salvador. No dia 10 de julho, enquanto assistia autópsias e coletava informações para a implantação de serviços mais avançados da área na Bahia, Nina tem um mal súbito e desmaia. Três dias depois, no seu quarto do Nouvel Hotel, tem mais uma vez uma fase de hemoptise e afirmou aos amigos, em torno das três horas da manhã, que “isso é o começo do fim”. As visitas ao quarto de Nina foram suspensas e somente um médico residente em Paris, que não se sabe o nome, e o colega brasileiro, o Dr. Eduardo Moraes, acompanharam seus últimos momentos. Antes de morrer, ele pede um padre e fala a esposa para que ela retornasse ao Brasil com a família do amigo Dr. Eduardo de Moraes.[9]

Raimundo Nina Rodrigues faleceu na França às 7 horas da manhã do dia 17 de julho de 1906. O professor Brouadel, um dos médicos-legistas a quem Nina Rodrigues mais admirava, e que ocupava o cargo de diretor Faculdade de Medicina de Paris, foi o responsável pelo processo de autópsia e envio do corpo ao território brasileiro. Como o transporte entre os continentes era demorado, foi necessário embalsamar o cadáver de Nina para a longa viagem. A notícia da sua morte chegou ao Brasil por um telegrama e comoveu toda a categoria médica. Assim que o diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, Dr Alfredo Tomé de Britto, soube da notícia, mandou suspender as aulas e colocou a bandeira nacional a meio mastro. O enterro só aconteceu na Bahia no dia 11 de agosto do mesmo ano, quase um mês depois de sua morte. O corpo de Nina foi recebido com grande honra na capital baiana e devido à sua importância, em solicitação ao Ministério do Interior foi requerido pelos alunos da Faculdade de Medicina da Bahia que todos os custos relacionados ao funeral fossem pagos pelo governo federal, já que ele tinha ido para o exterior representando o país em uma viagem oficial, porém todas as despesas foram pagas pela comunidade acadêmica da Bahia. Pela moeda corrente da época, as despesas que custearam desde o translado do corpo a até o enterro custaram cerca de 20 mil contos de réis. Ao chegar no porto da cidade de Salvador, o corpo seguiu em cortejo fúnebre até a Mosteiro de São Bento, onde chegou às 6 da tarde. No mosteiro beneditino, Nina foi velado, com a ajuda do revezamento de quinze turmas da faculdade, cada uma com quinze estudantes até o momento da missa, e que logo após ocorreu a saída em direção ao cemitério. O corpo foi enterrado no Cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação onde hoje se encontra uma lápide branca do considerado fundador da medicina legal na Bahia.[9][10]

Visão sobre os negros

Nina Rodrigues se destacou através dos seus estudos, provocando debates na sociedade brasileira sobre a formação da sua composição multiracial no país que ainda se construía. No período que equivale entre 1870 e 1930, o Brasil foi dominado por produções intelectuais com foco na questão racial, com o objetivo de compreender melhor como se constituía a sociedade brasileira. No período histórico entre 1870 e 1910, se destacam os estudos etnográficos, psicopatológicos, médico-legais e antropométricos de Nina Rodrigues, representada pela construção de um Brasil moderno. Esse momento coincidentemente é o mesmo período que ocorre a Abolição da escravatura (1888), logo a presença dos negros e mestiços brasileiros passaria a ser considerado um problema, já que muitas teorias oriundas do exterior apontavam para a formação de um país mestiço com clima tropical, criando a expectativa de um país que não teria sucesso. Logo, tornou-se campo de estudo do ponto de vista científico, com os olhares voltados para a teoria da degenerescência e dos determinismos climático e racial.[20]

Durante mais de uma década, o etnólogo desenvolveu pesquisas sobre questões relacionados ao resgate da memória da população negra no Brasil. Entre suas ações se encontram a investigação da procedência dos escravos deportados, a busca línguas que eram faladas nas tribos, bem como os seus usos e costumes. Uma das suas atividades era a realização da história oral, através de entrevistas, em diferentes regiões da Bahia, com o objetivo de registrar a vida, hábitos e o cotidiano dos africanos, e da mesma forma tentava decifrar o enigma criado pelos portugueses, para esconder a realidade do tráfico de escravos.[12] Nina dedicou muito tempo de sua vida para escrever seus textos sobre os negros na Bahia, o que o fez enfrentar o preconceito local. Para tanto, segundo a tradição baiana, ele recebeu o apelido de “negreiro” por conta do desenvolvimento de suas pesquisas.[2]

Nina Rodrigues defendeu ideias que hoje podem ser qualificadas como racistas, mas, à época, eram consideradas científicas e avançadas. Ele foi fortemente influenciado pelas ideias do criminólogo italiano Cesare Lombroso. No ano da abolição da escravatura, escreveu: "A igualdade é falsa, a igualdade só existe nas mãos dos juristas". Em 1894, publicou um ensaio no qual defendeu a tese de que deveriam existir códigos penais diferentes para raças diferentes.[carece de fontes?]

Nina Rodrigues foi um dos introdutores da antropologia criminal, da antropometria e da frenologia no país. Em 1899 publicou Mestiçagem, Degenerescência e Crime, procurando provar suas teses sobre a degenerescência e as tendências ao crime dos negros e mestiços. Os demais títulos publicados também não deixam dúvidas sobre seus objetivos: "Antropologia patológica: os mestiços", "Degenerescência física e mental entre os mestiços nas terras quentes". Para ele, negros e os mestiços se constituíam na causa da inferioridade do Brasil.[carece de fontes?]

Na sua grande obra, Os Africanos no Brasil, escreveu: "Para dar-lhe [a escravidão] esta feição impressionante foi necessário ou conveniente emprestar ao negro a organização psíquica dos povos brancos mais cultos (…) O sentimento nobilíssimo de simpatia e piedade, ampliado nas proporções duma avalanche enorme na sugestão coletiva de todo um povo, ao negro havia conferido (…) qualidades, sentimentos, dotes morais ou ideias que ele não tinha e que não podia ter; e naquela emergência não havia que apelar de tal sentença, pois a exaltação sentimental não dava tempo nem calma para reflexões e raciocínios".[carece de fontes?]

Segundo Nina, a inferioridade do negro — e dos não brancos — seria "um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas divisões e seções". No Brasil os arianos deveriam cumprir a missão de não permitir que as massas de negros e mestiços pudessem interferir nos destinos do país. "A civilização ariana está representada no Brasil por uma fraca minoria da raça branca a quem ficou o encargo de defendê-la (…) (dos) atos antissociais das raças inferiores, sejam estes verdadeiros crimes no conceito dessas raças, sejam, ao contrário, manifestações do conflito, da luta pela existência entre a civilização superior da raça branca e os esboços de civilização das raças conquistadas ou submetidas".[21]

Nina Rodrigues é identificado com um personagem professor Nilo Argolo, do livro Tenda dos Milagres, de Jorge Amado. O nome do livro escrito pelo personagem é Mestiçagem, Degenerescência e Crime, o que o liga diretamente a Nina Rodrigues.[22]

Produção teórica

Estima-se que sua obra inclua cerca de sessenta livros e artigos sobre temas que abrangem diversas especialidades médicas, particularmente medicina legal, antropologia, direito, psicologia e sociologia, publicados em jornais da época, tais como Gazeta Médica da Bahia (da qual foi redator chefe); Jornal do Comércio; Revista Médica de São Paulo; Revista Brazileira; Revista Médico Legal da Bahia, (órgão da Sociedade, cujo conselho editorial integrava).[23] Houve também publicações internacionais nas sul-americanas La Semana Médica e Archivos de Criminologia, Medicina Legal y Psichiatria, de Buenos Aires; e edições européias, como na italiana Archivio di Psichiatria, Scienze Penali e Antropologia Criminale, de Turim, Annales de la Societé de Médicine Légale de Belgique, da Bélgica. Alguns dos seus trabalhos publicados em francês ainda estão inéditos na língua portuguesa, como por exemplo "Atavisme psychique et paranóia", publicado nos Archives de Anthropologie Criminel de Lion em 1902 e "La paranóia chez les nègres", publicado no ano seguinte, pela mesma revista. Artigos também foram publicados nos periódicos parisieses Annales Médico-Psychologiques, Annales d’Hygiène Publique et de Médicine Légale.[12][24] Entre seus livros, destacam-se As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894), O animismo fetichista dos negros da Bahia (1900) e Os africanos no Brasil (1932).[24]

Levando em conta os vinte anos de produção literária produzida pelo autor, pode-se classificar a produção do pesquisador em quatro grandes áreas: medicina legal, psiquiatria forense e antropologia física; os estudos de organização sanitária pública; os estudos de psicopatologia comparada e, a etnografia dos povos africanos da Bahia. De todos os temas citados acima, o que mais foi representativo e que envolveu toda sua obra foi sobre a criminalidade entre negros e mestiços. Nina estudou diferentes casos de delitos que envolviam negro e mestiços através do estudo dos corpos, mentes e histórias de vida de cada um dos envolvidos para tentar entender as reais motivações que levavam as pessoas a cometer crime. Seguindo essa linha de estudo, em 1899, Nina Rodrigues escreveu o artigo Mestiçagem, Degenerescência e Crime. Nele, o autor citava casos de crimes cometidos por mestiços. Através do artigo, ele buscou diferenciar a influência da degeneração nas pessoas que cometiam o crime. Para conseguir realizar esta análise, ele fez estudos craniométricos e fisiognômicos dos criminosos, com base nos parâmetros da criminologia. Desta forma conduziu analisando os casos e, através da sua tese, confirmou que não há uma responsabilidade individual, e por isso deveriam ser atenuados, já que que os crimes são produtos do cruzamento de raças distintas, o que provoca a degenerescência recorrente por conta deste cruzamento.[24]

Visto que na época, se encontrava uma ampla discussão entre monogenístas, pessoas que não acreditavam na evolução e eram ligado a ideia de que existia um gradiente de perfeição em que existiam ia de pessoas perfeitas a menos perfeitas, partindo de um ancestral comum; e os poligenístas, que lidados à ciência, acreditavam que os homens eram resultados das leis biológicas e naturais, ocasionando as diferentes origens humanas. Logo, Nina Rodrigues quis levantar a questão se o mestiço era ou não eugenésico — ou seja, se tinha capacidade de trazer melhoria aos seus descendentes –, com a ideia de trazer o debate se os mestiços eram um produto normal e socialmente viável ou se eles formariam uma raça inferior, incapaz e degenerada.[24]

Graças a uma de suas publicações, intitulada Epidemiologista: estudo histórico de surtos de beribéri em um asilo para doentes mentais na Bahia, publicada na Revista dos Cursos e no Diário da Bahia, Nina conseguiu salvar vidas. O catedrático da Faculdade de Medicina descreveu sobre a epidemia de beribéri que vitimou metade da população do Asilo São João de Deus, em Salvador. Como consequência de sua campanha, os pacientes com problemas psiquiátricos se salvaram por um convênio realizado entre a faculdade e o governo do Estado para a construção de um novo hospital. Nina Rodrigues teve um papel fundamental nesse processo, integrando a comissão nomeada para o planejamento. Além de Nina, Antonio Pacífico Pereira e Luiz Pinto de Carvalho fizeram parte da comissão que produzira o relatório. Em resumo, o relatório da comissão que foi publicada na Revista dos Cursos e entregue ao diretor Alfredo Britto, descrevia como a planta do asilo deveria ser, caracterizava como ocorreria o seu funcionamento e detalhava o planejamento da organização do ensino de Clínica Psiquiátrica e do asilo de alienados do Estado.[2][12]

Nina Rodrigues também fez uma análise sobre a provável histeria no município de Canudos, no interior da Bahia através das obras A loucura epidêmica de Canudos: Antônio Conselheiro e os jagunços, de 1897; e em Epidemia de loucura religiosa em Canudos; história médica do alienado meneur, de 1901. Segundo o estudioso, foi em um ambiente sociologicamente instável, que também pode ser avaliada como um período marcado por uma crise social e religiosa, que “Antônio Maciel cavou os fundos alicerces do seu poderio material e espiritual quase indestrutível”.[13]

Ao analisar o crânio de líder Antônio Conselheiro, Nina afirma que ele “é seguramente um simples louco”. Outro ponto que Rodrigues levanta, é que a associação e a comunicação entre as pessoas já enfermas e predispostas que fazem parte de uma mesma comunidade são capazes de compartilhar a loucura entre si e isso nada mais é que “o reflexo senão de uma época pelo menos do meio” de que fazem parte. Logo, qualquer motivo ou causa imediata poderia desencadear uma explosão de “histeria” coletiva. Com a derrota da comunidade e a morte de Antônio Conselheiro, Nina concluiu que o crânio do líder era um “crânio normal”, o que ia contra tudo o que ele tinha estudado pelas escolas criminalísticas italiana com influencia de Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo e a francesa, liderada por Alexandre Lacassagne e Paul Broca. Nos seus estudos, Nina defendia que para se entender o que aconteceu em Canudos, ia mais além do que a análise da cor da pele e o tipo da cabelo, mas sim influencias sociais que vieram a moldar o comportamento da população do pequeno município do interior da Bahia.[13]

Publicações selecionadas

Ver também

Referências

  1. «Cientificismo e ficção de Nina Rodrigues». Ciência e Cultura. 4 de março de 2013 
  2. a b c d e f g h i Corrêa, Mariza (1 de fevereiro de 2006). «Raimundo Nina Rodrigues e a "garantia da ordem social"». Revista USP (68): 130–139. ISSN 2316-9036. doi:10.11606/issn.2316-9036.v0i68p130-139 
  3. Jonatan de Souza Tomaz. «Retratos do negro no Brasil: uma leitura historiográfica em Nina Rodrigues» (PDF). UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE HISTÓRIA. Consultado em 29 de outubro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 13 de agosto de 2017 
  4. «Alfredo Thomé de Britto: o médico, o professor, o diretor». FAMEB-UFBA. Consultado em 29 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 12 de fevereiro de 2019 
  5. a b c d e CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Bragança Paulista: Edusf, 1998, apud PAZ, Clilton Silva da. Um monumento ao negro: memórias apresentadas ao Primeiro Congresso Afro-brasileiro do Recife, 1934. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007, p. 223
  6. a b c A Medicina Legal na Bahia - início e evolução do ensino. Por Maria Theresa de Medeiros Pacheco. Gazeta médica da Bahia, 2007;77:2(Jul-Dez)139-157
  7. Nina Rodrigues e a Religião dos Orixás. Por Sergio F. Ferretti. Gazeta Médica da Bahia, 2006;76(Suplemento 2):54-59
  8. Aidé, Miguel Abidon (junho de 2010). «Hemoptise». Jornal Brasileiro de Pneumologia: 278–280. ISSN 1806-3756. doi:10.1590/S1806-37132010000300002 
  9. a b c d Ribeiro, Marcos AP (19 de janeiro de 1995). «A morte de Nina Rodrigues e suas repercussões». Afro-Ásia (16). ISSN 1981-1411. doi:10.9771/aa.v0i16.20845. Consultado em 13 de março de 2022 
  10. Antunes, Jose Leopoldo Ferreira. «Medicina, leis e moral: pensamento médico e comportamento no Brasil (1870-1930)». Consultado em 13 de março de 2022 
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  12. a b c d e Duarte, Zeny; et al. (10 de agosto de 2008). «Raymundo Nina Rodrigues: Resgate da Memória na Documentação Arquivística da Faculdade de Medicina da Bahia». Gazeta Médica da Bahia (2). ISSN 0016-545X. Consultado em 14 de março de 2022 
  13. a b c Monteiro, Filipe Pinto (17 de abril de 2020). «O "racialista vacilante": Nina Rodrigues e seus estudos sobre antropologia cultural e psicologia das multidões (1880-1906)». Topoi (Rio de Janeiro): 193–215. ISSN 1518-3319. doi:10.1590/2237-101X02104309. Consultado em 14 de março de 2022 
  14. Bueno, Eduardo (2002). Brasil: uma História. São Paulo: Ática 
  15. Ribeiro, Marcos AP (19 de janeiro de 1995). «A morte de Nina Rodrigues e suas repercussões». Afro-Ásia (16). ISSN 1981-1411. doi:10.9771/aa.v0i16.20845 
  16. a b Escola Tropicalista Baiana. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz
  17. Alvorecer de uma nova ciência: a medicina tropicalista baiana. Por Pedro Motta de Barros. História, Ciências, Saúde-Manguinhos vol. 4 nº 3. Rio de Janeiro, novembro de 1997 - fevereiro de 1998, pp 411-459. ISSN 1678-4758
  18. Secretaria da Segurança Publica do Estado da Bahia. Polícia Técnica. Institucional IML
  19. CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil.Bragança Paulista: Edusf, 1998, 487p.
    Para mais informações sobre o movimento do positivismo sociológico no mundo (em correlação com a introdução das ciências sociais no Brasil e na América Latina) e também sobre a recepção de ideias italianas (especialmente as idéias penais) pelos juristas do Brasil oitocentista, ver o denso volume de Marcela Varejão, Il positivismo dall'Italia al Brasile. Sociologia giuridica, giuristi, legislazione, 1822-1935. Giuffrè, Milano 2005, XI-464 pp.. Nesse volume, todo um capítulo é dedicado à Escola antropológico-criminal de Raimundo Nina Rodrigues.
  20. ODA, Ana Maria Galdini; DALGALARRONDO, Paulo (2004). «Uma preciosidade da psicopatologia brasileira: A paranóia nos negros, de Raimundo Nina-Rodrigues». Scielo. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. 7: 147-160. Consultado em 13 de março de 2022 
  21. «Reflexões sobre o marxismo e a questão racial». Consultado em 30 de abril de 2008. Arquivado do original em 8 de maio de 2008 
  22. Nina Rodrigues, Psiquiatra: Contribuições de Nina Rodrigues nos campos da Psiquiatria Clínica, Forense e Social. Por Ronaldo Ribeiro Jacobina. Gazeta médica da Bahia 2006;76:Suplemento 2:S11-S22
  23. CORRÊA, Mariza. "Raimundo Nina Rodrigues". Vultos da Medicina Brasileira. Sociedade Brasileira de História da Medicina.
  24. a b c d Rodrigues, Marcela Franzen (5 de novembro de 2015). «Raça e criminalidade na obra de Nina Rodrigues: Uma história psicossocial dos estudos raciais no Brasil do final do século XIX». Estudos e Pesquisas em Psicologia (3): 1118–1135. ISSN 1808-4281. doi:10.12957/epp.2015.19431. Consultado em 13 de março de 2022 
  25. «As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil». Brasiliana. Consultado em 8 de novembro de 2015. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2019 
  26. «O alienado no direito civil brasileiro». Brasiliana. Consultado em 8 de novembro de 2015. Arquivado do original em 8 de novembro de 2015 
  27. Rodrigues, Raymundo Nina (2010). «Os africanos no Brasil». Consultado em 5 de dezembro de 2021 

Ligações externas