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Transgeneridade |
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Misgendering (malgenerizamento ou malgenerização em tradução livre) é um termo da língua inglesa para o ato de designar uma pessoa por um gênero que não corresponde à sua identidade de gênero.[1] Pode ser intencional ou acidental. As formas mais comuns são o uso de termos de gênero ou pronomes que não são da preferência da pessoa,[2][3] como chamar alguém de "Senhora", "Senhor" ou "Senhore" em contradição com seu gênero identitário,[4] utilizar o nome morto de uma pessoa trans,[3] ou mesmo insistir que uma pessoa se conforme com as normas de um gênero que não é seu (por exemplo, no uso do banheiro[5][6]).
Pessoas trans frequentemente sofrem malgenerização antes de sua transição, e mesmo depois para muitas dessas pessoas.[7] Elas são frequentemente vítimas de bullying por membros da profissão médica,[8][9] pela polícia, pela mídia ou por seus pares. Essas experiências foram descritas como humilhantes,[10] dolorosas e cruéis,[11] tornando a vida das pessoas trans mais difícil.
Um estudo com 129 jovens trans,[12] publicado em 2018 no Journal of Adolescent Health [en], determinou que "para cada ambiente social onde o nome escolhido foi usado, houve uma diminuição estatisticamente significativa nos sintomas depressivos, ideação suicida e comportamento".[13] No entanto, nenhuma causalidade pode ser deduzida dessa correlação, e a amostra permanece pequena, mas mesmo com essas limitações, o estudo mostra que este é um problema significativo. Malgenerizar voluntariamente uma pessoa trans é considerado extremamente agressivo pela comunidade trans,[11] constituindo uma violação do direito à dignidade;[14] e é discriminatório de acordo com o Tribunal de Direitos Humanos da Colúmbia Britânica.[15][16]
Pesquisadores suíços e quebequenses também argumentam que a malgenerificação, ou maldenominação de gênero, é uma das opressões que contribuem para o suicídio particularmente alto entre jovens trans.[9][14]
Para pessoas não binárias, o malgenerizamento pode ser evitado usando técnicas de linguagem epicena, como usar parênteses ou colchetes ("eleito(a)"; "eleita/o"),[17] a duplicação ou ambiguação de gêneros gramaticais ("todas e todos"; "tod@s"; "leitorxs"; "leitoræs"), de pronomes desgenerificados como elu ou éle, formulações frasais sintaticamente neutras[18] como perífrases ou neologismos desgenerizados ("todes"; "leitories"). Mas nem todos os indivíduos não binários usam a linguagem neutra e o gênero neutro.[19][20][21]
Multilíngues também podem acabar cometendo automalgenerizamento (tradução livre de self-misgendering), que seria errar seu próprio gênero nas línguas nas quais não são fluentes, como línguas secundárias.[22]
Alguns simpatizantes e ativistas da causa trans incentivam, ou pelo menos incentivavam, o questionamento de pronomes e linguagem, visando não malgenerificar a pessoa ou presumir sua identidade de gênero,[23] porém isso pode ser visto como tentativa de retirar do armário e, por outro lado, pode ser útil para pessoas com pronome fluido de gênero, por exemplo.[24] Uma forma de saber quais são os pronomes de terceira pessoa de alguém é a autoapresentação ou auto-introdução pronominal, em vez de diretamente perguntar-lhe.[25]
Nas redes sociais, como no LinkedIn, Instagram[26][27] e Twitter, e términos formais de e-mail,[28] vem se tornado comum as pessoas colocarem seus pronomes pessoais,[29][30] às vezes juntos às partículas de artigo e terminação flexionais de gênero que usam ou preferem (exs.: ‘‘ele/dele’’, ‘‘a/ela/-a’’, ‘‘ê/elu/-e’’) para normalizar a explicitação de pronomes de pessoas não-conformes, para que não as malpronominem (em inglês: mispronoun) e também para acabar com a cultura de supor o gênero ou pronome de preferência de uma pessoa sem que esta o tenha especificado.[31][32][33][34]