Kim Kataguiri | |
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Kataguiri em agosto de 2022 | |
Deputado Federal por São Paulo | |
Período | 1.º de fevereiro de 2019 até a atualidade |
Legislaturas | 56ª (2019–2023) 57ª (2023–2027) |
Dados pessoais | |
Nome completo | Kim Patroca Kataguiri |
Nascimento | 28 de janeiro de 1996 (28 anos) Salto, SP |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Instituto Brasiliense de Direito Público |
Partido | DEM (2018-2022) UNIÃO (2022-presente) |
Ocupação | político conferencista |
Website | kataguiri.kim |
Kim Patroca Kataguiri (Salto, 28 de janeiro de 1996) é um político, ativista e youtuber brasileiro. Ficou conhecido por ter sido um dos cofundadores e coordenadores do Movimento Brasil Livre, sendo uma das principais figuras do movimento liberal brasileiro moderno.[1][2][3] Segundo Kataguiri, ele foi apresentado ao pensamento liberal depois de ler obras de Ludwig von Mises.[4] Foi eleito deputado federal por São Paulo em 2018 e reeleito em 2022. Atualmente é filiado ao União Brasil.
Como ativista, esteve à frente dos movimentos pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Também já expôs suas ideias como colunista da Folha de S. Paulo e do The Huffington Post Brasil.[5][6][7][8][9]
É autor dos livros Quem é esse moleque para estar na Folha?, sobre sua passagem como colunista na Folha de S.Paulo, e Como um grupo de desajustados derrubou a presidente – MBL: A Origem, contando a origem do Movimento Brasil Livre e sobre os protestos que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff.
Kim Kataguiri é filho do metalúrgico Paulo Atuhiro Kataguiri e da dona de casa Claudia Cristina Patroca Kataguiri.[10][11] Seu pai era paulista, filho de japoneses, sendo que a avó de Kim nasceu em Nagano.[12] Segundo Kim, a família descende de Kataguiri Katsumoto (1556-1615), que fazia parte de um clã samurai e foi um renomado mediador de conflitos de fronteiras.[13] Por sua vez, a mãe de Kim é paraense e descendente de italianos e portugueses.[14][15] Apesar de ter nascido no município de Salto, foi criado em Indaiatuba, ambas no interior de São Paulo, situadas respectivamente nas regiões vizinhas de Sorocaba e Campinas.[16]
Em 2009, ainda na adolescência, criou um canal no YouTube para tratar de assuntos ligados à política, economia e atualidades.[10] Em 2013, concluiu o ensino médio no Colégio Técnico de Limeira (COTIL), uma instituição mantida pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mesmo ano em que publicou um vídeo no YouTube questionando o Bolsa Família, que o levou a tornar-se próximo de críticos do governo da então presidente da República, Dilma Rousseff, e do Partido dos Trabalhadores, como o apresentador Danilo Gentili.[6]
Em 2014, ingressou na Universidade Federal do ABC (UFABC) para cursar a graduação de economia, mas interrompeu o curso no mesmo ano. Na mesma época, em contexto de crise política e econômica no país, foi co-fundador do Movimento Brasil Livre ao lado dos irmãos Renan e Alexandre Santos e Frederico Rauh, organização criada em 1 de novembro de 2014 que esteve a frente de uma série de manifestações a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e pelo combate à corrupção.[17]
Em 2015, tornou-se colunista do jornal Huffington Post Brasil e, em 2016, passou a assinar uma coluna na Folha de S. Paulo.[10] Além disso, também em 2016, Kim Kataguiri passou no vestibular do Instituto de Direito Público (IDP) em São Paulo, ingressando na primeira turma do curso de direito da instituição.[18]
Em outubro de 2015, a revista americana Time classificou Kataguiri como um dos jovens mais influentes do mundo naquele ano.[19][20][21]
Em maio de 2015, Kim Kataguiri organizou e liderou a marcha para Brasília para pressionar os congressistas pelo impeachment de Dilma Rousseff.[22] No dia 24 do mesmo mês, durante a marcha, foi atropelado por um motorista embriagado. Segundo Kim, “o motorista estava dirigindo com duas vezes mais álcool que o limite", acrescentando que "todo mundo ficou indignado" e que "foi uma irresponsabilidade tremenda dirigir nessas condições e acima do limite de velocidade”.[23]
Em dezembro de 2015, Kim Kataguiri postou em seu Twitter uma foto ao lado de Ney Matogrosso, no qual dizia que o cantor apoiava as manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff. No mesmo dia, Ney Matogrosso desmentiu o teor do encontro, alegando que foi abordado por Kataguiri em uma lanchonete apenas para tirar uma foto.[24] Já em outubro de 2016, uma decisão judicial determinou que o Facebook retirasse do ar publicações de Kataguiri que envolvessem o nome de Ney Matogrosso como defensor do impeachment de Dilma Rousseff.[25]
Em 13 de março de 2016, em entrevista à Jovem Pan, Kim falou sobre os protestos contra o governo Dilma Rousseff,[26] tendo sido o maior protesto da história do Brasil.[27] Apesar de a mídia televisiva ter noticiado pouco sobre sua participação, a enorme adesão às manifestações se deu pela convocação de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), que teve Kim como coordenador, e o Vem Pra Rua. De acordo com institutos de pesquisa, com a Polícia Militar e com historiadores consultados pelo jornal Estadão, a manifestação superou, em termos de adesão, as manifestações das Diretas Já e do movimento conhecido como Jornadas de Junho, em 2013, organizado pelo Movimento Passe Livre. A maior concentração de manifestantes ocorreu em São Paulo, assim como já havia acontecido em março do ano anterior, no primeiro grande protesto contra a gestão Dilma e o PT. Segundo a PM, 1,4 milhão de pessoas foram à Avenida Paulista. Os protestos tiveram forte apelo contra a corrupção, pela ética pública e pelo fim da impunidade.[27]
Em novembro de 2016, Kim Kataguiri participou de um protesto contra as ocupações nas escolas, que ele chama de invasões, no pátio da reitoria da universidade UFRGS, em Porto Alegre. Kim e o MBL já haviam se mostrado contrários às ocupações.[28][29]
Em abril de 2018, o MBL e o Vem pra Rua (VPR) convocaram manifestações em defesa da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após sua condenação em segunda instância na Operação Lava Jato.[30][31] Em resposta às convocações, na terça-feira do dia 3 de abril, manifestantes foram às ruas em 23 estados e no Distrito Federal em pedidos para que o Supremo Tribunal Federal (STF) negasse habeas corpus ao ex-presidente Lula e em favor da prisão em segunda instância.[32] À época das manifestações, Kim Kataguiri afirmou que o STF não deveria se deixar pressionar, mas que o ato seria um "contraponto" à pressão de parlamentares e advogados pela liminar de não prender Lula enquanto não houvesse julgamento do habeas corpus.[33] Já na tarde do dia 4 de abril, o STF rejeitou por 6 votos a 5 o pedido de habeas corpus preventivo da defesa e com isso autorizou a prisão do ex-presidente Lula.[34]
Em 26 de julho de 2018, os coordenadores do MBL fizeram uma manifestação em frente ao prédio de onde fica a sede do Facebook, no Itaim Bibi, em São Paulo. A manifestação foi feita porque "foram derrubadas páginas que defendem ideias liberais e conservadoras em plena eleição", segundo Kim. Foram removidas 196 páginas e 87 perfis na rede social como parte da política de combate à disseminação de notícias falsas.[35]
Nas eleições de 2018, Kim Kataguiri candidatou-se ao cargo de deputado federal por São Paulo na legenda do Democratas (DEM).[36] Angariando 465 310 votos, foi o quarto candidato com maior número de votos de São Paulo e elegeu-se como o deputado mais jovem da história do país, então com 22 anos de idade.[16][37]
No exercício do mandato, se concentrou nas áreas da administração pública, economia e previdência, atuando como vice-líder e participando de blocos parlamentares. Com relação às comissões permanentes, foi titular da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP). Quanto às comissões especiais, foi segundo vice-presidente da Comissão Especial sobre Competência Legal para Investigação Policial; e titular da Comissão Especial sobre Parcerias Público-Privadas; da Comissão Especial sobre Startups; da Comissão Especial do Código de Processo Penal; da Comissão Especial do Marco do Saneamento Básico; da Comissão Especial sobre Competência Legal para Investigação Policial; e da Comissão Especial criada para analisar o projeto de lei n. 1.917, de 2015, relativo à Portabilidade da Conta de Luz. Além disso, foi ainda titular da Comissão Externa do Ministério da Educação e terceiro vice-presidente da CPI de Práticas Ilícitas no Âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).[10]
Em março de 2020, Kataguiri afirmou ter proposto o corte de 50% dos salários dos deputados — o que inclui seu próprio salário — para captar recursos para combater o novo coronavírus.[38]
Em abril de 2020, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 848/20, de autoria do deputado Kim Kataguiri, que atribui validade por prazo indeterminado às receitas de medicamentos sujeitos a prescrição e de uso contínuo durante o estado de calamidade pública relacionada ao novo coronavírus.[39] O projeto foi aprovado pelo Senado em julho de 2020[40] e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 28 do mesmo mês. O PL, transformado na Lei Ordinária 14.028/20, busca diminuir o risco de contaminação pela Covid-19, uma vez que acaba com a necessidade de comparecer ao sistema de saúde para obter novas prescrições. De acordo com o texto sancionado, as únicas receitas que continuarão vencendo são aquelas a respeito de medicamentos com tarja preta ou antibióticos.[41]
Em setembro de 2020, Kataguiri apresentou na Câmara o Projeto de Lei 4474/20, que torna facultativa a frequência em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).[42] O texto em análise na Câmara dos Deputados altera o Código de Trânsito Brasileiro. Conforme a proposta, para os exames escritos (legislação de trânsito e primeiros socorros), os órgãos de trânsito deverão oferecer material gratuito em seu sítio eletrônico, permitindo a auto-instrução. Já para o exame prático de direção, realizado na via pública, a instrução poderá ser feita por instrutor independente, credenciado junto aos órgãos de trânsito. De acordo com Kim, o objetivo da medida é tornar o processo de obtenção da CNH “menos burocrático e custoso”.[43] Além disso, ainda em setembro de 2020, foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados o PL 1485/20 que dobra a pena para casos de corrupção na pandemia. Kim é coautor do projeto junto com outros 22 parlamentares. A matéria foi ao Senado mas ainda não foi votada.[44]
Em dezembro de 2020, a Câmara dos Deputados aprovou o Marco Legal das Startups, projeto que busca incentivar as empresas de inovação no país.[45] O projeto, no qual Kim é coautor, foi aprovado no Senado em fevereiro de 2021 mas, como foi aprovado com algumas emendas, voltará para a Câmara para ser votado novamente.[46]
Já em fevereiro de 2021, Kataguiri protocolou na Câmara um projeto que busca reformar a lei do sistema de inteligência, para impedir seu uso político. A ideia é inibir que governantes usem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fins pessoais. Um dos incisos do projeto de lei veda a coleta o tratamento e o compartilhamento de informações com finalidade de beneficiar interesses privados de autoridades ou ocupantes de cargos públicos. Além disso, proposta também proíbe a coleta de informações que versem sobre orientação política, filosófica ou ideológica de indivíduos que são alvos da investigação e que não coloquem em risco defesa da soberania nacional.[47] No final desse mesmo mês, Kim Kataguiri entrou com mandado de segurança para interromper a tramitação da PEC 3/2021 que amplia a imunidade parlamentar sob o argumento de que o texto fere o princípio de inafastabilidade da jurisdição. Dessa forma, de acordo com o deputado, o dispositivo violaria o direito de um cidadão comum processar um deputado federal ou senador que cometesse crime contra a honra na tribuna, por exemplo.[48] Em represália, o presidente da Câmara, Arthur Lira, retirou Kim da relatoria da Lei Geral do Licenciamento Ambiental.[49] Sobre a mesma pauta, Kim Kataguiri impetrou um mandado de segurança no STF que teve a liminar negada pelo ministro Luís Roberto Barroso sob a alegação de que, "salvo hipóteses extremas", o Judiciário não deve interferir em tema que está em discussão no Congresso Nacional e de que uma possível inconstitucionalidade só pode ser aferida depois que a proposta for aprovada.[50][51]
Em 26 de janeiro de 2022, Kataguiri, junto a outras lideranças do MBL, filiou-se ao Podemos (PODE) para apoiar a candidatura de Sergio Moro à presidência da República.[52] Menos de dois meses depois, as mesmas lideranças do MBL, incluindo Kataguiri decidiram deixar o partido, depois de polêmicas envolvendo o deputado estadual Arthur do Val.[53]
Em 27 de maio de 2022, foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Prometeu dar prioridade em projetos e investimentos para a primeira infância e investigar as denúncias de corrupção no Ministério da Educação, afirmando que "O problema de gestão no ensino brasileiro também envolve canalhice. Roubar dinheiro da educação compromete a vida de famílias inteiras".[54]
Em fevereiro de 2022, durante sua participação no Flow Podcast, Kim Kataguiri afirmou que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. Ao falar sobre discriminação contra minorias, o deputado citou o exemplo do nazismo e disse que a ideologia não deveria ter sido criminalizada. “Qual é a melhor maneira de impedir que um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?”,[55] declarou o deputado. Tabata Amaral perguntou ao congressista se ele concorda com a criminalização do nazismo na Alemanha e ele afirmou que não. Ele fez uma live junto ao professor Heni Ozi Cukier explicando seu posicionamento anterior, dizendo que a Alemanha não errou em criminalizar o nazismo, mas que durante o programa se referia a criminalização de obras escritas como o Mein Kampf, escrito por Adolf Hitler.[56]
Segundo Vítor Sandes, cientista político e professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI), "dentro do contexto do Estado Democrático de Direito, que é baseado em direitos civis, direitos políticos e direitos sociais, parte-se do pressuposto de que todo indivíduo tem direito à vida, e esse direito à vida deve ser resguardado pelo Estado (...) Então não é concebível um modelo de partido ou de qualquer outro tipo de organização política que defenda o genocídio de povos. É inconcebível dentro do contexto do Estado Democrático de Direito, ele contradiz a essência desse tipo de Estado."[57]
Como reflexo do caso, Kataguiri foi alvo de críticas e xingamentos por diversas pessoas em redes sociais, mais notoriamente o ex-deputado Jean Wyllys, e moveu uma ação contra elas por imputação de apologia ao nazismo,[58] mas não teve sucesso.[59][60]
Em 2022, foi candidato a deputado federal pela segunda vez, dessa vez pelo União Brasil. Sua campanha, que fez diversas peças usando referências a animes, foi de ataque aos principais candidatos à presidência do Brasil, Lula e Bolsonaro, sendo listada como uma das mais inusitadas do ano.[61] Foi eleito com 295.460 votos.[62]
Em 2023, Kataguiri participou de uma prévia interna do MBL para decidir o pré-candidato do movimento à prefeitura de São Paulo em 2024, onde os membros poderiam escolher entre Kim e o deputado estadual paulista Guto Zacarias. Com 9.951 votos totais, Kim teve a preferência de 56,1% dos eleitores, derrotando Guto e se tornando o pré-candidato oficial do movimento, que ainda teria que convencer o partido União Brasil a lançá-lo como candidato.[63][64]
Durante os meses seguintes de 2023 e os primeiros sete meses de 2024, Kataguiri seguiu com sua pré-candidatura, sendo o primeiro dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo a apresentar um plano de governo, mas ela foi negligenciada pelo União Brasil, tendo a possibilidade de sua candidatura sido negada diversas vezes por Milton Leite, presidente da legenda em São Paulo e presidente da Câmara Municipal da cidade.[65][66][67]
Apesar de seus esforços, Kim desistiu de sua candidatura em 1º de agosto de 2024 devido às pressões mencionadas, apoiando a candidatura à reeleição de Ricardo Nunes, tendo esse último se comprometido a adotar duas de suas propostas num acordo mediado por Tarcísio de Freitas.[65][68]
Em 2017, lançou um livro chamado Quem é esse moleque para estar na Folha?, em referência a sua contratação como colunista no jornal Folha de S. Paulo. Kim afirma que ser liberal de direita é a nova contracultura, e que esse movimento não pertence mais à esquerda.[69] O livro é um compilado de suas colunas para a Folha, escritas entre janeiro de 2016 e março de 2017. O prefácio do livro foi assinado pela jurista Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.[70]
Já em 2019, ao lado de Renan Santos, lançou o livro Como um grupo de desajustados derrubou a presidente - MBL: A Origem, que narra o surgimento e a atuação do Movimento Brasil Livre (MBL) e descreve como o movimento contribuiu para o impeachment de Dilma Rousseff.[71][72]
Ano | Cargo | Partido | Coligação | Partidos | Votos para Kataguiri | Resultado | Ref. | |||
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Total | % | P. | ||||||||
2018 | Deputado federal | DEM | PSDB-PSD-DEM-PP | PSDB, PSD, DEM, PP | 465.310 | 2,20% | 4º | Eleito | [73][74] | |
2022 | UNIÃO | sem coligação | UNIÃO | 295.460 | 1,24% | 8º | Reeleito | [61] |