Young Ireland, em irlandês Éire Óg, ou Jovem Irlanda foi um movimento político, cultural e social surgido em meados do século XIX na Irlanda. Renovou o nacionalismo irlandês e protagonizou mesmo uma revolta em 1848 suprimida pelas forças britânicas. Muitos dos seus líderes foram julgados por sedição e deportados para a Terra de Van Diemen. Desde o seu início e até finais da década de 1930, o movimento Young Ireland exerceu grande influência e inspirou futuras gerações de nacionalistas irlandeses.
O nome "Jovem Irlanda" começou a ser usado para descrever um grupo de membros da Associação pela Derrogação estritamente vinculados ao jornal A Nação.[1] Naquela época a Associação da Derrogação fazia campanha contra o Acto de União de 1800, que significava a união dos reinos da Grã-Bretanha e Irlanda.[2] O termo foi aplicado pela imprensa inglesa,[1] e posteriormente utilizado por Daniel O'Connell, de forma depreciativa durante declarações no Conciliation Hall.[3]
A Jovem Irlanda fazia retroceder as suas origens à nova College Historical Society, fundada em 29 de março de 1839.[4] Entre os membros desta nova sociedade estavam personalidades como John Blake Dillon, Thomas MacNeven, William Eliot Hudson e Thomas Davis,[4] que foi eleito presidente em 1840.[4][5]
Enquanto os membros da Jovem Irlanda permaneceram na Associação pró-derrogação, não invocaram o uso da força física na luta pela Derrogação, e condenaram qualquer política que defendesse essa postura.[6] A introdução das "Peace Resolutions" por O'Connell na Associação foi, de algum modo, uma tentativa de sugerir que os Young Irelanders podiam ser violentos.[7] Estas "Peace Resolutions" afirmavam que não se podia justificar o emprego da força física sob nenhuma circunstância em nenhuma época, e isto era algo que se considerava de forma retrospectiva.
Os membros da Jovem Irlanda apenas começaram a considerar o uso de força física quando abandonaram a Associação pró-Derrogação e formaram a Confederação Irlandesa.[6]
Daniel O'Connell tinha ameaçado com o uso da força,[8] durante a sua campanha pela Emancipação Católica, mas nunca teve vontade real de a usar.[9] Isto ficou demonstrado depois do cancelamento do Monster Meeting convocado em Clontarf em 1843. Estes Monster Meetings (Reuniões Monstras) tinham sido uma criação de Thomas Davis, John Blake Dillon e Michael Doheny.[10] O propósito destas concentrações era preparar as pessoas para as manobras e deslocamentos militares,[10] embora, como isto era bastante perigoso, as reuniões fossem convocadas com outros fins. O'Connell conhecia perfeitamente esta estrateéia, mas posteriormente negá-la-ia e repudiaria os implicados.[11] O encontro de Clontarf foi proibido pelo Governo Britânico, que ameaçou com o uso do exército. O'Connell tomou a decisão política de cancelar a concentração perante os planos governamentais para a suprimir.[12] Isto fê-lo perder credibilidade frente aos britânicos - que só estavam dispostos a ceder se percebessem um risco real de revoltas.[13] Os Young Irelanders sempre tinham apoiado O'Connell e a sua luta pela derrogação, mas depois dos acontecimentos de Clontarf decidiram desvincular-se da Associação.