Jackson Pollock | |
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Nascimento | Paul Jackson Pollock 28 de janeiro de 1912 Cody, Estados Unidos |
Morte | 11 de agosto de 1956 (44 anos) Springs, Nova York, Estados Unidos |
Sepultamento | Green River Cemetery |
Nacionalidade | norte-americano |
Cidadania | Estados Unidos |
Cônjuge | Lee Krasner |
Filho(a)(s) | Ester Mistergan, Jack Pallor |
Alma mater |
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Ocupação | pintor |
Obras destacadas | No. 5, 1948, Ritmo de outono (Número 30), Blue Poles |
Movimento estético | expressionismo abstrato, gestualismo |
Religião | cristã |
Causa da morte | acidente rodoviário |
Assinatura | |
Paul Jackson Pollock (Cody, Wyoming, 28 de janeiro de 1912 — Springs, 11 de agosto de 1956), conhecido profissionalmente como Jackson Pollock, foi um pintor norte-americano e referência no movimento do expressionismo abstrato. Tornou-se conhecido por seu estilo único de pintura por gotejamento.
Durante sua vida, Pollock gozou de fama e notoriedade consideráveis; foi um grande artista de sua geração. Considerado recluso, ele tinha uma personalidade volátil e lutou contra o alcoolismo durante a maior parte de sua vida.[1]
Pollock morreu aos 44 anos em um acidente de carro em que dirigia alcoolizado. Em dezembro de 1986, trinta anos e quatro meses após sua morte, Pollock recebeu uma exibição retrospectiva memorial no Museum of Modern Art (MoMA) na cidade de Nova Iorque. Uma exposição maior e mais abrangente de seu trabalho foi realizada em 1967. Em 1998 e 1999, seu trabalho foi homenageado com exposições retrospectivas em larga escala no MoMA e no Tate em Londres.[2][3]
Paul Jackson Pollock nasceu em Cody, no estado de Wyoming, em 1912,[4] o mais novo de cinco filhos. Seus pais, Stella May (née McClure) e LeRoy Pollock, nasceram e cresceram em Tingley, Iowa. Seu pai havia nascido com o sobrenome McCoy, mas usava o sobrenome de seus pais adotivos, vizinhos que o adotaram depois que seus pais biológicos morreram um ano após o outro. Stella e LeRoy Pollock eram presbiterianos; eles eram descendentes de irlandeses e escoceses-irlandeses, respectivamente.[5]
LeRoy Pollock era agricultor e, posteriormente, agrimensor do governo, mudando-se de cidade em cidade em diferentes empregos.[4] Stella, tecelã como seus familiares, fabricava e vendia vestidos quando era adolescente. Em novembro de 1912, Stella levou seus filhos para San Diego; Jackson tinha apenas 10 meses e nunca mais retornaria a Cody.[6] Posteriormente, ele cresceu no Arizona e Chico, Califórnia.
Enquanto morava em Echo Park, Califórnia, matriculou-se na Manual Arts High School de Los Angeles, da qual foi expulso. Ele já havia sido expulso em 1928 de outra escola. Durante sua infância, Pollock explorou a cultura nativa americana enquanto fazia pesquisas com seu pai.[4][7]
Em 1930, seguindo seu irmão mais velho Charles Pollock, mudou-se para Nova York, onde ambos estudaram com Thomas Hart Benton na Art Students League. A temática rural americana de Benton teve pouca influência no trabalho de Pollock, mas seu uso rítmico da tinta e sua independência feroz foram mais duradouros.[4] No início dos anos 30, Pollock passou um verão em turnê pelo oeste dos Estados Unidos, juntamente com Glen Rounds, um colega artista, e Benton, seu professor.[8][9]
Pollock foi apresentado ao uso de tinta líquida em 1936 em uma oficina experimental em Nova York pelo muralista mexicano David Alfaro Siqueiros. Mais tarde, ele usou o derramamento de tinta como uma das várias técnicas em telas do início dos anos 1940, como Male and Female e Composition with Pouring I. Após sua mudança para Springs, ele começou a pintar com as telas dispostas no chão do estúdio e desenvolveu o que mais tarde foi chamado de técnica de "gotejamento" (dripping).
De 1938 a 1942, Pollock trabalhou no Federal Art Project da Works Progress Administration.[10] Durante esse tempo, Pollock estava tentando lidar com seu alcoolismo; de 1938 a 1941, ele passou por psicoterapia junguiana com o Dr. Joseph Henderson e mais tarde com a Dra. Violet Staub de Laszlo em 1941–42. Henderson o envolveu em sua arte, incentivando Pollock a fazer desenhos; conceitos e arquétipos junguianos foram expressos em suas pinturas.[11] Foi levantada a hipótese de que Pollock poderia ter tido transtorno bipolar.[12]
Pollock assinou um contrato com Peggy Guggenheim em julho de 1943. Ele recebeu a encomenda de criar um Mural (1943) de 2,43 x 6,04m para a entrada da nova casa dela.[13] Por sugestão de seu amigo Marcel Duchamp, Pollock pintou o trabalho sobre tela, e não sobre a parede, para que fosse portátil. Depois de ver o grande mural, o crítico de arte Clement Greenberg escreveu: "Dei uma olhada e pensei: 'Isso sim é arte extraordinária",[14] e soube que Jackson era o maior pintor que este país já produziu". A introdução de sua primeira exposição descreveu o talento de Pollock como "... vulcânico. Tem fogo. É imprevisível. É indisciplinado. Ele se derrama em uma prodigalidade mineral, ainda não cristalizada".
Pollock desenvolveu uma técnica de pintura criada por Max Ernst, o dripping (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas: os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. Pollock foi muito importante para o dripping; o quadro "One" (1950) é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para se sentir dentro do quadro. Pollock partia do zero: do pingo de tinta que deixava cair na tela elaborava uma obra de arte. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não usava pincéis. Pollock empregou essa técnica entre 1947 e 1950. Ficou famoso após uma publicação de quatro páginas de 8 de agosto de 1949 na revista Life, que perguntou: "Este é o maior pintor vivo dos Estados Unidos?" No auge de sua fama, Pollock abandonou abruptamente o estilo de gotejamento.[15]
A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais que exemplificam o seu estilo. Com Pollock, há o auge da pintura de ação (action painting). A tensão ético-religiosa por ele vivida o impele aos pintores da Revolução mexicana. Sua esfera da arte é o inconsciente: seus signos são um prolongamento do seu interior. Apesar de ter seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos.
Pollock e Lee Krasner se conheceram quando ambos exibiam na McMillen Gallery em 1942. Krasner não estava familiarizada com Pollock, mas estava intrigada com o trabalho dele e foi ao seu apartamento, sem aviso prévio, para encontrá-lo após a galeria.[16] Em outubro de 1945, Pollock e Lee Krasner se casaram em uma igreja, com duas testemunhas presentes no evento.[17] Em novembro, eles se mudaram da cidade para a área de Springs, em East Hampton, na costa sul de Long Island. Com a ajuda de um empréstimo de Peggy Guggenheim, eles compraram uma casa com estrutura de madeira e um celeiro na 830 Springs Fireplace Road. Pollock transformou o celeiro em um estúdio. Nesse espaço, ele aperfeiçoou sua técnica de "gotejamento" de tinta, com a qual ele se identificaria permanentemente. Quando o casal não estava trabalhando, passava o tempo juntos cozinhando, trabalhando em casa e no jardim e recebendo amigos.[18]
A influência de Krasner na arte de seu marido foi algo que os críticos começaram a reavaliar na segunda metade da década de 1960, devido à ascensão do feminismo na época.[19] O amplo conhecimento e treinamento de Krasner em arte e técnicas modernas a ajudaram a atualizar Pollock com o que deveria ser a arte contemporânea. Considera-se frequentemente que Krasner apresentou a seu marido os princípios dominantes da pintura modernista.[20] Pollock foi então capaz de mudar seu estilo para se ajustar a um gênero mais organizado e cosmopolita de arte moderna, e Krasner se tornou a única juíza em quem ele podia confiar.[21]
No início do casamento dos dois artistas, Pollock confiava nas opiniões de seus colegas sobre o que funcionava e o que não funcionava em suas peças.[21] Krasner também foi responsável por apresentá-lo a muitos colecionadores, críticos e artistas, incluindo Herbert Matter, que ajudaria a continuar sua carreira como artista emergente. John Bernard Myers, um notável negociante de arte, já foi citado como tendo dito: "nunca haveria um Jackson Pollock sem uma Lee Pollock", enquanto o colega pintor Fritz Bultman se referia a Pollock como a "criação de Krasner, seu Frankenstein", ambos reconhecendo o imenso impacto que Krasner teve na carreira de Pollock.[22]
A influência de Jackson Pollock nas obras de arte de sua esposa é frequentemente discutida pelos historiadores da arte. Muitas pessoas pensaram que Krasner começou a reproduzir e reinterpretar os respingos caóticos de tinta de seu marido em seu próprio trabalho.[23] Existem vários relatos em que Krasner pretendia usar sua própria intuição, como uma maneira de avançar para a técnica "eu sou a natureza" de Pollock, a fim de reproduzir a natureza em sua arte.[24] O maior desafio de Krasner como artista era estabelecer uma separação entre ela e o marido que não fosse estritamente a alteridade de uma mulher.[25]
Em 1955, Pollock pintou Scent e Search, seus dois últimos quadros.[26] Ele não pintou em 1956, mas fez esculturas na casa de Tony Smith: construções de arame, gaze e gesso.[27] Moldadas em areia, as esculturas possuem superfícies texturizadas semelhantes às que Pollock muitas vezes criava em suas pinturas.[28]
O relacionamento de Pollock e Krasner começou a se desfazer em 1956, devido ao contínuo alcoolismo e infidelidade de Pollock envolvendo Ruth Kligman. Em 11 de agosto de 1956, às 22h15, Pollock morreu em um acidente de carro no seu conversível Oldsmobile enquanto dirigia sob a influência do álcool.[29] Na época Krasner estava visitando amigos na Europa e ela voltou abruptamente ao ouvir a notícia de um amigo. Uma das passageiras, Edith Metzger, também morreu no acidente, que ocorreu a menos de uma milha da casa de Pollock. A outra passageira, Ruth Kligman, artista e amante de Pollock, sobreviveu.[30] Em dezembro de 1956, quatro meses após sua morte, Pollock recebeu uma exposição retrospectiva memorável no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York. Uma exposição maior e mais abrangente de seu trabalho foi realizada em 1967. Em 1998 e 1999, seu trabalho foi homenageado com exposições retrospectivas em larga escala no MoMA e na Tate em Londres.[30][31]
Pelo resto da vida, sua viúva Lee Krasner administrou sua propriedade e garantiu que a reputação de Pollock permanecesse forte, apesar das mudanças nas tendências mundiais da arte. O casal está enterrado no Green River Cemetery, em Springs, com uma pedra grande marcando sua sepultura e outra menor, a dela.[32]
Como um dos primeiros artistas e peça-chave para o expressionismo abstrato, onda artística que se desenvolveu durante o pós-guerra norte-americano (principalmente em Nova Iorque), a obra de Pollock foi fundamental para que fossem pensadas muitas questões dentro do movimento. Uma delas é a passividade no estilo de pintura: mesmo que Pollock faça uso da action painting, a abstração resultante é informal e livre.[54] Como descrito pelo próprio artista:
"Quando estou na pintura, não tenho consciência do que estou fazendo. Só vejo o que fiz depois de um período de "conscientização". Não tenho medo de fazer mudanças, destruir a imagem etc., porque a pintura tem vida própria. É só quando perco contato com a pintura que o resultado é ruim. Caso contrário, há pura harmonia, uma troca tranquila, e a pintura fica ótima."[55]
Outra questão trazida à tona pelo trabalho de Pollock foi a da espacialidade na pintura. Suas obras não são planas – ao contrário, ele cria um espaço entre a superfície da pintura e a tinta gotejada sobre ela. O fato de a pintura ser criada antes mesmo do limite real da tela ter sido definido (a tela era cortada depois, para adaptar-se à criação) também difere do trabalho dos pintores modernos.[54]
Por essa habilidade de sintetizar o que os artistas antes dele haviam feito com um olhar para o futuro, Pollock foi batizado por Harold Rosenberg, o principal teórico do expressionismo abstrato, de "fenômeno de conversão".[56]
Em 15 de novembro de 2021, o quadro Número 17 foi leiloado por 54 milhões de euros na Sotheby’s.[57]