A expressão era do gelo (também idade do gelo, período glacial ou era glacial) é utilizada para designar um período geológico de longa duração de diminuição da temperatura na superfície e atmosfera terrestres, resultando na expansão dos mantos de gelo continentais e polares bem como dos glaciares alpinos. Ao longo de uma era do gelo prolongada ocorrem períodos com clima extra frio designados glaciações, intercalados por períodos de clima menos frio denominados interglaciais. Em termos glaciológicos, o termo era do gelo implica a presença de extensos mantos de gelo tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul,[1] e segundo esta definição encontramo-nos ainda numa era do gelo (pois tanto o manto de gelo da Groenlândia como o manto de gelo antártico ainda existem).[2]
Coloquialmente, quando se fala dos últimos milhões de anos, a era do gelo refere-se ao mais recente período mais frio com extensos mantos de gelo sobre a América do Norte e Eurásia: neste sentido, a era do gelo mais recente atingiu o seu ponto alto durante o último máximo glacial há cerca de 20 000 anos.
A ideia de que os glaciares do passado haviam sido mais extensos que os atuais era algo percebido pelos habitantes das regiões alpinas da Europa: Imbrie e Imbrie (1979) citam um lenhador de nome Jean-Pierre Perraudin[3] falando a Jean de Charpentier sobre a antiga extensão do glaciar Grimsel nos Alpes Suíços.[4] Macdougal (2004) afirma que o primeiro a ter tal ideia terá sido um engenheiro suíço chamado Ignaz Venetz,[5] mas não foi apenas uma pessoa que teve esta ideia.[6] Entre 1825 e 1833, Charpentier juntou evidências que apoiavam o conceito. Em 1836, Charpentier, Venetz e Karl Friedrich Schimper convenceram Louis Agassiz, e Agassiz publicou a hipótese no seu livro Étude sur les glaciers ("Estudo sobre os glaciares") de 1840.[7] Segundo Macdougal (2004), Charpentier e Venetz não concordavam com as ideias de Agassiz que ampliou o trabalho deles afirmando que a maioria dos continentes tinham antes estado cobertos de gelo.
Neste momento inicial do conhecimento, o que estava a ser estudado eram os períodos glaciais das últimas centenas de milhares de anos, durante a era do gelo actual. A existência de eras do gelo antigas era ainda desconhecida.
Existem três tipos principais de evidências de eras glaciais: geológicas, químicas e paleontológicas.
Apesar das dificuldades, as análises de testemunhos de gelo e de sedimentos oceânicos, mostrou a existência de períodos glaciais e interglaciais ao longo dos últimos milhões de anos. Estas análises confirmam ainda a ligação entre eras do gelo e fenómenos da crusta continental como morenas, drumlins e blocos erráticos. Assim, os fenómenos da crusta continental são aceites como boa evidência de eras do gelo anteriores quando são encontrados em camadas criadas muito antes do período de tempo do qual estão disponíveis testemunhos de gelo e de sedimentos oceânicos.
Durante os últimos milhões de anos houve várias eras glaciares, ocorrendo com frequências de 40 000 a 100 000 anos, entre as quais se destacam:
De fato, estaríamos em vésperas de uma nova era glacial, já que em média o planeta experimenta 10 000 anos de era quente a cada 90 000 anos de era de gelo.
Devido à ação humana (principalmente através de atividades industriais e do desmatamento florestal), o planeta tem experimentado no último século um período de aquecimento cada vez mais acelerado, quando, a esta altura, já deveria estar iniciando sua fase de esfriamento para entrar em uma nova era do gelo. Se por um lado esse aquecimento global evitaria uma nova glaciação e seus característicos contratempos; por outro está provocando grandes desastres ecológicos como furacões e tornados, secas e queda na diversidade biológica.
Além disso, o efeito do aquecimento global não representa um aumento de temperatura em todo o globo, mas sim na temperatura global média. Estudos de previsões dos efeitos desse aquecimento mostram que o derretimento das calotas polares por ele provocado, podem afetar as correntes marítimas, provocando longos períodos de forte glaciação no hemisfério norte, principalmente na América do Norte e Europa enquanto o hemisfério sul sofreria um forte aquecimento.
As causas dos períodos glaciais não são totalmente entendidas. Acredita-se que diversos fatores são importantes, entre eles: a composição da atmosfera; mudanças na órbita da Terra em torno do Sol conhecidas como ciclos de Milankovitch (e possivelmente a órbita do Sol em torno da galáxia); o movimento das placas tectônicas; variações da atividade solar; e o vulcanismo.
O ancestral humano deste período é denominado homem de Cro-Magnon, que convivia com espécies animais já extintas, como os mamutes, os lobos-terríveis, os leões-das-cavernas e os cervos gigantes, entre outros.