"A Carioca", pintura de 1882 de Pedro Américo

Carioca é o gentílico oficial do município do Rio de Janeiro, capital do estado do Rio de Janeiro, no Brasil, também podendo referir-se, como adjetivo, a tudo que pertence ao município do Rio de Janeiro, como por exemplo aos seus bairros.[1][2] É também aceito popularmente como gentílico de todo o estado do Rio de Janeiro e ao que se refere a ele,[3] por exemplo em Campeonato Carioca de Futebol, mesmo sendo "fluminense" o gentílico oficial.[4]

Histórico

No período colonial (século XVI - século XVIII), os nascidos na capitania do Rio de Janeiro[5] eram conhecidos por "carioca", devido ao Rio Carioca,[6] que era o rio que fornecia água potável à população (aqueles que "bebiam das águas do Carioca"). A partir de 1783, por decreto de D. Luiz de Vasconcelos, então vice-rei do Brasil, foi criado um novo gentílico "mais civilizado" para o Rio de Janeiro, o "fluminense", a partir do termo latino flumen, que significa "rio", em alusão ao "Rio".

Segundo o relato de Dom Juan Francisco de Aguirre, nobre espanhol que visitou o Rio de Janeiro em março de 1782, os naturais do Rio de Janeiro passaram a ser apelidados de “cariocas” devido ao seu deslumbramento com o Aqueduto da Carioca e suas águas: "Foi esse deslumbre pelo seu aqueduto que fez com que os naturais desta cidade ficassem conhecidos como cariocas, nome da fonte de onde a água que abastece a região. Logo que estabelecem contato com um europeu, os cariocas apressam-se em dizer-lhe que essa água tem o poder de enfeitiçá-lo e de fazê-lo fixar residência na cidade".[7]

Em 1834, através do Ato Adicional à Constituição de 1824, o município do Rio de Janeiro se separou da Província do Rio de Janeiro para constituir o Município Neutro, com administração vinculada diretamente à corte imperial brasileira. Como "carioca" é um termo indígena, os membros da Corte optaram por intitularem-se "fluminenses", tendo "carioca" sobrevivido pelo uso popular, principalmente nas demais províncias do Império do Brasil.

Em 1891, após a Proclamação da República do Brasil em 1889, o Município Neutro transformou-se no Distrito Federal e a província do Rio de Janeiro transformou-se no estado do Rio de Janeiro. Em 1960, com a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara, que adotou então oficialmente a designação "carioca" pela primeira vez para os habitantes do novo estado. Com a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, o então estado da Guanabara passou a integrar o atual estado do Rio de Janeiro. Oficialmente, optou-se por "fluminense" como gentílico oficial do novo estado, reduzindo-se o gentílico "carioca" a gentílico municipal. Contudo, a maioria dos habitantes do estado do Rio de Janeiro preferem a designação "carioca" a "fluminense" (especialmente na Região Metropolitana, Costa Verde e Região dos Lagos) e desde os anos 2000 o movimento "Somos Todos Cariocas" busca o reconhecimento de carioca como gentílico co-oficial do estado do Rio de Janeiro.[3]

Etimologia

O termo "carioca" é, com certeza, de origem tupi. Seu significado, no entanto, é controverso. Existem várias teorias a respeito:

Referências

  1. carioca no dicionário Michaelis
  2. A origem dos bairros cariocas
  3. a b Lucas, Jorge Alexandre (1 de janeiro de 2014). «Somos todos cariocas: identidade e pertencimentos no mundo globalizado». Revista Científica Ciência em Curso (em francês). 3 (2): 111–123. ISSN 2317-0077 
  4. Estado do Rio de Janeiro IBGE
  5. COMELLI, P. As ruas do Rio de Janeiro imperial. Disponível em http://www.comelliphilatelist.com/artigos3.asp?id=262. Acesso em 14 de setembro de 2012.
  6. NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 555.
  7. Carvalho França, Jean Marcel (1999). Visões do Rio de Janeiro Colonial. Rio de Janeiro: José Olympio Editora e Editora UERJ. pp. pg. 156 
  8. a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 353
  9. «O RIO ANTES DO RIO - Rafael Freitas da Silva - Livro». Travessa.com.br. Consultado em 9 de agosto de 2016 
  10. http://www.ipahb.com.br/generali.php
  11. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição. São Paulo: Global, 2005. p. 187
  12. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/tempo_nomina_em_tupi.htm
  13. http://ihja.blogspot.com/2010/11/por-que-se-chama-carioca-quem-nasce-no.html
  14. BUENO, E. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999. p. 46,47.
  15. FREIRE, Felisbello. Historia Territorial do Brazil. Rio de Janeiro: Jornal do Commercio, vol. 1 (Bahia, Sergipe e Espirito Santo), 1906, p. 153
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