A bateria ou bataria é um agrupamento de bocas de fogo ou de outros sistemas de armas de artilharia, colocados sob o mesmo comando e ocupando, normalmente, posições de tiro próximas. Hoje em dia, o termo "bataria" é aplicado normalmente a cada uma das unidades militares da artilharia terrestre, equivalentes a uma companhia, tipicamente comandada por um capitão e dispondo de quatro, seis ou oito armas do mesmo tipo. O termo também se aplica, no âmbito da artilharia naval, a cada um dos grupos de armas do mesmo tipo instalados a bordo de um navio de guerra.
Historicamente, o termo "bataria" referia-se a um grupo de bocas de fogo empenhadas em combate como artilharia de campanha ou como artilharia de sítio a uma fortaleza ou cidade. Aquelas batarias poderiam ser constituídas por uma mistura de peças, obuses e morteiros. O termo "bataria" também era empregue para se referir a um grupo de bocas de fogo instaladas numa posição fixa - como uma fortificação de defesa costeira ou fronteiriça - e para se referir ao posicionamento de artilharia numa posição temporária de campanha durante uma batalha.
Durante o século XVIII, o termo "bataria" começou a ser usado, no contexto organizacional, para se referir a uma unidade permanente de artilharia - existente tanto em tempo de paz como de guerra - composta tipicamente por seis bocas de fogo. No final do século XIX, na maioria dos exércitos, o termo "bataria" tinha já substituído os termos "companhia", "brigada" e outros como designação da unidade básica de artilharia.
No século XX, o termo "bataria" referiu-se geralmente às subunidades de escalão companhia dos vários ramos da arma de artilharia, incluindo os de artilharia de campanha, de costa, antiaérea e de guarnição. O termo também foi usado, em alguns exércitos, para designar unidades de metralhadoras, cuja organização e emprego tático seguiam inicialmente a doutrina da artilharia. A partir da Primeira Guerra Mundial, além das tradicionais batarias de tiro, foram também criadas batarias de aquisição de objetivos, que hoje em dia incluem todo o espectro de sistemas ISTAR (inteligência, vigilância, aquisição de objetivos e reconhecimento). Por outro lado, as batarias de tiro do final do século XX, passaram a ser equipadas, não só com bocas de fogo, mas também com foguetes e mísseis.
Durante as Guerras Napoleónicas, alguns exércitos começaram a agrupar as suas batarias em unidade táticas maiores, designadas "brigadas", "grandes batarias", "grupos" ou "batalhões". Para concentrar ainda mais o fogo das batarias individuais, a partir da Primeira Guerra Mundial, alguns exércitos criaram grandes unidades de artilharia, designadas "divisões de artilharia". A artilharia de costa, a artilharia de guarnição e, posteriormente, a artilharia antiaérea adoptaram frequentemente sistemas de organização, que agrupavam as várias batarias em comandos de zona ou de setor de defesa.
Ocasionalmente, as batarias foram também divididas em subunidades mais pequenas, cada uma agrupando duas ou três bocas de fogo. Conforme a época, o exército e o tipo de artilharia, essas subunidades são designadas "divisões" ou "pelotões".
O número de bocas de fogo ou de sistemas de lançamento em cada bataria também foi variando. Tipicamente, quanto maior é o calibre das bocas de fogo ou a potência dos sistemas de armas que equipam a bataria, menor é o seu número. No final do século XVIII e no início do XIX, tradicionalmente, cada bataria de campanha incluía cinco peças e um obus. Cada uma das peça e dos obuses era puxada normalmente por cinco mulas, havendo ainda cerca de 12 mulas adicionais para transportarem as munições. durante o século XIX, considerou-se que o número ideal de bocas de fogo por bataria seria entre as quatro e as 12. Esse número de bocas de fogo por bataria manteve-se, na generalidade, até à atualidade. No entanto, algumas batarias especializadas criadas durante o século XX - como as de morteiros de trincheira, de defesa antiaérea ou de defesa anticarro - passaram a incluir um maior número de sistemas de armas. Por outro lado, as batarias de artilharia super-pesada poderiam incluir apenas duas ou mesmo uma única arma. Na segunda metade do século XX, algumas batarias passaram a ser equipadas com dois tipos de sistemas de armas, empenhando aquele que for mais adequado à situação. Um exemplo destas, são as batarias de campanha de alguns exércitos que podem usar tanto obuses como morteiros pesados.
No Exército Brasileiro, a bateria (Bia) é a fração da unidade de apoio ao combate da arma de Artilharia, ou seja, é a subunidade do grupo de artilharia. Em uma estrutura ternária, o grupo de artilharia é, normalmente, constituído por três baterias de obuses e por outras baterias, voltadas para o apoio ao comando e o apoio logístico.
Na organização moderna das batarias do Exército dos EUA, cada unidade dispõe tipicamente de seis ou oito obuses ou de entre seis e nove lançadores de foguetes, além de entre 100 e 200 militares. Geralmente, as batarias rebocadas dispõem de seis obuses enquanto que as autopropulsadas dispõem de oito. A bataria é normalmente comandada por um capitão, sendo equivalente à companha de infantaria.
Cada bataria engloba uma secção de tiro e um centro de direção de tiro (FDC). A secção de tiro inclui várias secções de armas, cada uma responsável por um arma e comandada por um sargento. A secção de tiro como um todo é comandada por um tenente ou por um sargento superior. O FDC é responsável por computar as soluções de tiro com base em coordenadas cartográficas, por receber os pedidos de fogo e as informações dos observadores de artilharia e das unidades de infantaria e por dirigir o tiro da secção e tiro. O FDC de cada bataria também recebe ordens dos comandos superiores, como, por exemplo, do FDC do batalhão de artilharia ao qual pertence a bataria, quando é necessária a sincronização do tiro de todas as batarias do batalhão.
A artilharia do Exército dos EUA inclui os seguintes tipos de batarias:
No Exército Português, a bataria é a unidade de artilharia equivalente à companhia, sendo normalmente comandada por um capitão.
Até final do século XVIII, os regimentos de artilharia do Exército Português estavam vocacionados essencialmente para assegurar a guarnição das fortalezas, organizando-se em companhias como os regimentos de infantaria. A designação "bataria" foi aplicada pela primeira vez a uma unidade quando da criação da Bataria de Artilharia Ligeira a Cavalo da Legião de Tropas Ligeiras, em 1796. Durante a Guerra Peninsular, foram organizadas unidades de artilharia de campanha - cada qual com seis bocas de fogo e comandada por um capitão - designadas "brigadas volantes de artilharia". A adopção definitiva da designação "bataria" para as unidades permanentes de artilharia equivalentes à companhia só se deu com a reorganização do Exército Português de 1834.
Hoje em dia, a artilharia de campanha organiza-se em batarias de bocas de fogo (BBF), cada uma incluindo tipicamente seis obuses. Cada BBF engloba normalmente um comando e secção de comando, uma bataria de tiro, uma secção de observação avançada, uma secção de munições, uma secção de transmissões e uma secção de manutenção. A bataria de tiro agrupa os obuses da BBF e é constituída por várias secções, cada qual responsável pela operação de um obus. Duas a quatro BBF, mais uma bataria de comando e serviços (BCS) - que inclui um pelotão de aquisição de objetivos - formam um grupo de artilharia de campanha (GAC). Em vez do pelotão de aquisição de objetivos da BCS, o GAC pode incluir uma bataria de aquisição de objetivos.
A artilharia antiaérea organiza-se em batarias de artilharia antiaérea (BAAA). Cada BAAA agrupa vários pelotões, cujo número e tipo variam conforme a missão e os sistemas de armas operados. Tipicamente, uma BAAA inclui um ou mais pelotões de sistemas de armas, podendo ainda incluir um pelotão de radar. Os pelotões de sistemas de armas podem ser de míssil portátil, de míssil ligeiro ou de canhão AA de 20 mm. Cada BAAA é empenhada normalmente de forma independente, em apoio direto de uma brigada ou de um agrupamento. No entanto, se necessário, várias BAAA podem ser agrupadas sob o comando de um grupo de artilharia antiaérea.
No Exército Britânico e na maioria dos da Commonwealth cada bataria é comandada por um major, tendo um capitão como segundo comandante - à semelhança do que acontece nas companhias de infantaria.
Em termos táticos, cada bataria de campanha é normalmente integrada num grupo de batalha, prestando-lhe apoio direto. O comandante de bataria é responsável por planear e coordenar todo o apoio de fogo ao grupo de batalha, incluindo não só o prestado pela sua própria bataria, mas também todos os restantes fogos potentes produzidos por outros elementos da artilharia, por morteiros, por aeronaves ou por navios de guerra. O comandante de bataria ocupa normalmente o posto de comando do grupo de batalha enquanto que o seu segundo comandante (capitão de bataria) ocupa uma posição junto à bataria.