Como ler uma infocaixa de taxonomiaThunnus
atum
Thunnus thynnus
Thunnus thynnus
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Família: Scombridae
Género: Thunnus
Espécies
Ver texto.

Os atuns (género Thunnus) são um dos grupos de espécies de peixes mais importantes do ponto de vista pesqueiro. Em 2002, foram capturadas, em todo o mundo, mais de seis milhões de toneladas de atuns e "espécies-afins" (de acordo com as estatísticas da FAO[1]).

Características gerais

São peixes que vivem nas regiões tropicais e subtropicais de todos os oceanos. Apresenta o corpo alongado, fusiforme, boca grande e alongada, duas barbatanas dorsais bem separadas e ajustáveis a um sulco no dorso, seguidas por grupos de lepidotríquias também na região ventral. A barbatana caudal é bifurcada e, no seu pedúnculo, ostenta duas quilhas de queratina.[2]

Os atuns e espécies vizinhas têm um sistema vascular especializado em trocas de calor, podendo elevar a temperatura do corpo acima da água onde nadam - são endotérmicos.[3] Por esta razão, são grandes nadadores, podendo realizar migrações ao longo dum oceano. Um atum pode nadar até 170 km num único dia. Normalmente formam cardumes só de peixes da mesma idade. São predadores ativos. Do ponto de vista da reprodução, são dioicos e não mostram dimorfismo sexual. As fêmeas produzem grandes quantidades de ovos planctónicos que se desenvolvem em larvas pelágicas.

Taxonomia

Espécime fóssil.

O género Thunnus agrupo oito espécies em dois subgéneros:

Tamanho relativo das espécies de atum, com a espécie Thunnus thynnus (topo) com cerca de 8 pés (2,4m) de comprimento.
Espécies de atuns do género Thunnus (Scombridae)
Família Scombridae 
 subfamília
Gasterochismatinae 

 Gasterochisma (1 género)

 subfamília
Scombrinae
tribo Scombrini 

 Cavalinhas (2 géneros: ScomberRastrelliger)

tribo Scomberomorini 

 Cavalas e serras (3 géneros)

tribo Sardini 

 Bonitos (4 géneros)

 tribo Thunnini
Atuns 

 Allothunnus (atum-foguete)

 Auxis (chapoutos, judeus)

 Euthynnus (mermas)

 Katsuwonus (gaiados)

 Thunnus (atuns verdadeiros) 
 subgénero Thunnus

 grupo do atum-rabilho

 subgénero Neothunnus

 grupo da albacora ou galha-à-ré

Comprimento máximo reportado para as diversas espécies de Thunnus (cm).

Espécies de atum

Existem no mundo apenas oito espécies de atum ou Thunnus (família Scombridae, classe Actinopterygii) com os seguintes nomes em português[4]:

Outras espécies da mesma família também consideradas atum:

Em Moçambique denomina-se escolar-atum a um peixe que não é da mesma família (Thyrsites atun).

Outras espécies da família Scombridae que são populares objectos de pesca, quer comercial, quer desportiva e que muitas vezes são capturadas em conjunto com as espécies principais, são:

E ainda várias outras espécies denominadas Sarda, Cavala ou Serra.

O fóssil de atum mais antigo que se conhece é do período Terciário.

Espécies-afins do atum

As "espécies-afins" do atum - que partilham o mesmo habitat e são capturadas em conjunto - são principalmente os "peixes-de-bico": o espadarte (Xiphias gladius), os espadins ou marlins (Makaira spp.) e os veleiros ou agulhões ou peixes-de-vela (Istiophorus spp.).

Aspectos ambientais e político-comerciais associados ao atum

Apesar de - ao contrário das espécies de peixe mais apreciadas - os atuns não terem carne "branca", mas "rosada" por causa do peculiar sistema vascular que lhes permite controlar a temperatura do corpo, os atuns são historicamente de grande importância pesqueira.

Por essa razão e, como resultado do aumento da procura de pescado no mercado internacional, algumas espécies de atum, como o "azul" (Thunnus thynnus) - típico do Oceano Atlântico - chegaram à situação de sobrepesca. No entanto, durante o século XX formaram-se várias organizações internacionais que promovem a pesca responsável dos atuns e "espécies-afins", como a Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico,[5] e a Comissão Inter-Americana para os Atuns Tropicais.[6]

Para além de ser consumido fresco, o atum é também uma importante matéria-prima para a indústria conserveira. Em Portugal, esta indústria começou a florescer desde o final do século XIX, consolidando a sua posição no mercado durante a primeira metade de século XX. A sua expansão por vários centros conserveiros, espalhados de norte a sul do país, seria devido à sua subsidiariedade da indústria de guerra.[7] No período decorrente da II Guerra Mundial, Portugal tornar-se-ia no principal produtor mundial de conservas de atum e similares, exportando para todos os cantos do mundo. Ainda hoje, as conservas de atum portuguesas primam pela sua qualidade, podendo encontrar-se em todo o mundo, nas casas da especialidade.

Mais recentemente, com o desenvolvimento dos movimentos ambientalistas, foram levantados problemas diferentes: apesar das pescarias de atum serem bastante específicas, verificou-se que - principalmente alguns tipos de pesca, como a pesca com rede de cerco e mesmo de palangre - se capturam algumas espécies indesejadas ou mesmo protegidas, como as tartarugas marinhas e os golfinhos. Por essa razão, os consumidores (principalmente nos Estados Unidos da América do Norte, mas com tendência também de se popularizar na União Europeia) são aconselhados a não adquirirem atum que não seja "certificado" como proveniente duma "pescaria responsável" ou "que protege a biodiversidade" - "dolphin-free tuna". O Aquário de Monterey, na Califórnia publica inclusivamente uma página de aconselhamento aos consumidores.[8]

Referências

  1. Capturas mundiais de pescado por grupos de espécies no site da FAO acessado a 17 de junho de 2009
  2. “Family Scombridae - Mackerels, tunas, bonitos” no site FishBase.org (em inglês) acessado a 17 de junho de 2009
  3. Brock et al. 1993, Science 260:210-214
  4. Lista de espécies de atum no site FishBase.org (a página de cada espécie tem todos os seus nomes vulgares) acessado a 17 de junho de 2009
  5. ICCAT
  6. IATTC
  7. ALMEIDA, Andreia (2015). A Indústria Conserveira de Sesimbra (1933-1945). Saarbrücken: Novas Edições Académicas. Consultado em 25 de maio de 2016 
  8. Aquário de Monterey - Aconselhamento sobre o consumo de atum (em inglês)

Ligações externas