Pyidaunzu Myăma Nainngandaw Pyihtaunghcu Soshallaitsammat Myanmar Ninengantaw União de Birmânia (1962-1974) República Socialista da União de Birmânia (1974-1988) | |||||
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Continente | Ásia | ||||
Região | Sudeste Asiático | ||||
País | Mianmar | ||||
Capital | Rangum | ||||
Língua oficial | Birmanês | ||||
Religião | Budismo | ||||
Governo | Socialismo totalitário sob um governo militar | ||||
Presidente | |||||
• 1962–1981 (título para presidente do Conselho Revolucionário da União desde 1974) |
Ne Win | ||||
• 1962-1981 | Ne Win | ||||
• 1981-1988 | Sein Yu | ||||
• 1988 | Aye Ko (interino) | ||||
• 1988 | Maung Maung Kha | ||||
Primeiro-Ministro | |||||
• 1962-1974 | Ne Win | ||||
• 1974-1977 | Sein Win | ||||
• 1977-1988 | Maung Maung Kha | ||||
• 1988 | Tun Tin | ||||
Período histórico | Guerra Fria | ||||
• 2 de março de 1962 | Golpe de Estado | ||||
• 3 de março de 1974 | Mudança de nome | ||||
• 8 de agosto de 1988 | Revolta 8888 | ||||
• 18 de setembro de 1988 | Golpe militar |
A via birmanesa para o socialismo (também conhecido como o caminho birmanês para o socialismo) é a ideologia do líder birmanês Ne Win, que governou de 1962 a 1988. Em um estado policial que suprimiu as minorias, economicamente significou a nacionalização das indústrias em um país pouco industrializado, e um forte isolamento frente ao exterior, com a expulsão de estrangeiros e evitação do turismo. Não pode ser considerado um marxismo-leninismo nem um maoísmo ortodoxo. Incluía uma promoção da religião com o objetivo de alcançar um maior consenso social, que, na prática, consistiu em uma forma de budismo estatal, embora não pretendia inicialmente favorecer uma religião em particular. Ne Win tinha crenças pessoais numerológicas.
O isolamento e o consequente aumento da pobreza,[1][2] foi descrito como "desastroso".[3] A estabilidade interna poupou a Birmânia dos efeitos da Guerra Fria que foram sentidas em outras nações da região.[4][5] Na última parte de seu governo, Ne Win tentou manter um sistema monetário baseado em divisível por 9, um número que, de acordo com suas crenças traria sorte..[6] O fracasso geral de sua política levou a uma revolta militar que substituiu a via birmanesa para o socialismo por um governo autoritário e que inclusive mudou o nome do país para Myanmar.
A Via Birmanesa para o Socialismo tem sido descrita como marxista, antiocidental, não-alinhada e socialista, caracteriza-se também por uma extensa dependência dos militares, ênfase na população rural e nacionalismo.[7] Em janeiro de 1963, o caminho birmanês para o socialismo passou a ser mais elaborado com uma política denominada de Sistema de Correlação do Homem e o seu Ambiente.[8][9]
Os impactos da Via Birmanesa para o Socialismo afetaram a economia, os padrões educacionais e os padrões do povo birmanês. Organizações de ajuda externa alinhadas com o bloco capitalista, como a Fundação Ford e o Banco Mundial, não foram autorizados a operar no país.[10][11] Além disso, o ensino da língua inglesa foi reformado e introduzido nas escolas secundárias, enquanto que anteriormente iniciava no jardim de infância. O governo também implementou restrições de visto para os cidadãos birmaneses, especialmente para os países ocidentais. Em vez disso, o governo patrocinou viagens de estudantes, cientistas e técnicos para a União Soviética e Europa Oriental para receber treinamento e para reduzir a influência ocidental.[11] Da mesma forma, os vistos para estrangeiros foram limitados há 24 horas.[12]
A liberdade de expressão foi limitada extensivamente, publicações em idiomas estrangeiros foram proibidas, assim como os jornais impressos com "propagandas de notícias falsas".[11] Em setembro de 1963, o Vanguard e o The Guardian, dois jornais birmaneses, foram nacionalizados. Em dezembro de 1965, a publicação de jornais de propriedade privada foi proibida pelo governo.[11]
O impacto sobre a economia birmanesa foi extenso. Em um de junho 1963, foram nacionalizadas todas as grandes indústrias, incluindo o comércio de importação e exportação, arroz, bancos, empresas de mineração, e extração da borracha.[11] No total, cerca de 15 000 empresas privadas foram nacionalizadas.[13] Além disso, os industriais foram proibidos de estabelecer novas fábricas com capital privado. Seguiu-se, em agosto de 1963, a nacionalização das indústrias de base, incluindo lojas de departamento, armazéns e lojas de atacado.[11]
A nacionalização influenciou grandemente a Birmânia, particularmente afetando os birmaneses de origem chinesa e indiana, os quais tinham sido influente no setor econômico. Em meados de 1963, 2 500 estrangeiros por semana estavam deixando Birmânia.[11] Em setembro de 1964, a cerca de 100 mil cidadãos indianos tinham deixado o país.[11]
O mercado negro não-oficial tornou-se uma característica importante na economia, o que representava cerca de 80% da economia nacional durante o período socialista.[13] Além disso, a disparidade de renda tornou-se uma questão sócio-econômica importante.[13] Ao longo da década de 1960, as reservas cambiais da Birmânia diminuíram de forma constante, enquanto a inflação aumentou.[14] As exportações de arroz também diminuíram de 1,84 milhões de toneladas em 1961-1962 para 350 mil toneladas em 1967-1968, resultado das políticas socialistas e da incapacidade da produção de arroz para atender as taxas de crescimento populacional.
Tendo em vista as falhas da política econômica perseguida ao longo da década de 1960, diversas reformas econômicas foram aprovadas durante o primeiro congresso do Partido Socialista da Birmânia em 1971. O governo birmanês pediu para voltar a participar do Banco Mundial, passou a fazer parte do Banco Asiático de Desenvolvimento e procurou mais assistência e ajuda externa.[12] Estas reformas trouxeram os padrões de vida de volta aos níveis pré-Segunda Guerra Mundial e estimulou o crescimento econômico.[12]