Hedda Gabler
Hedda Gabler
Hedda Gabler
Hedda Gabler
Página título de Hedda Gabler, em 1890
Autor(es) Henrik Ibsen
Idioma norueguês
País  Noruega
Gênero teatro
Localização espacial Noruega
Editora Londres: William Heinemann (12 cópias)[1]
Copenhague: Gyldendalske Boghandels Forlag
Lançamento Londres: 11 de dezembro de 1890
Copenhague: 16 de dezembro de 1890
Edição portuguesa
Tradução Freire de Andrade
Editora Editorial Presença (Coleção Presença, 41)[2][3]
Edição brasileira
Tradução Luiz Leite Vidal[2][4]
Editora MEC (Coleção Teatro Universal)
Lançamento Anos 60
Cronologia
A Dama do Mar
Solness, o Construtor
Residenztheater, em Munique, onde "Hedda Gabler" foi representada em janeiro de 1891

Hedda Gabler é uma peça teatral escrita pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Publicada pela primeira vez em 11 de dezembro de 1890, pelo inglês William Heinemann, em Londres, na língua norueguesa, com uma tiragem de apenas 12 cópias, 5 dias depois foi publicada pela Gyldendalske Boghandels Forlag (F. Hegel & Son), em Copenhague e Christiania, em 16 de dezembro de 1890, com uma tiragem de 10000 exemplares. Foi representada pela primeira vez em 31 de janeiro de 1891, no Residenztheater,[5] em Munique.[2]

Personagens

Fonte[6]

Enredo

Quando a peça inicia, Hedda e Jørgen acabam de voltar de sua lua de mel, que teve seis meses de duração. Jørgen passou seu tempo estudando e trabalhando, enquanto Hedda confidencia ao seu amigo, Juiz Brack, ter ficado entediada.

Susanne Sheehy e Tom Bateman representam Hedda Gabler e Eilert Loevborg, no The North Wall Theatre, Summertown, Oxford, em 2008.[7]

Hedda Tesman é filha do falecido general Gabler, que morreu sem lhe deixar herança. Perto dos trinta anos, acabou se casando com Jørgen Tesman, que tem uma bolsa de estudos em história da arte. Jörgen foi educado pelas suas tias, Julle e Rina, e agora está esperando por uma cadeira na Universidade.

Hedda está grávida, fato que ela esconde de todos; logo que chegam de viagem, Jørgen descobre que precisará competir pela cadeira na Universidade, justamente com um dos antigos admiradores de Hedda, Eilert Løvborg, conhecido por ser um boêmio, talentoso, mas propenso a beber demais. Apesar disso, ele tem vivido sobriamente, e está escrevendo duas teses em colaboração com Thea Elvsted, que está apaixonada por ele, tendo inclusive deixado o marido para segui-lo.

No curso de apenas dois dias, Hedda participa de uma série de acontecimentos com consequências dramáticas. Ela consegue embebedar Lovborg e ele perde o manuscrito de seu novo livro. Jørgen Tesman o encontra e dá a Hedda para cuidar, mas Hedda não conta a Løvborg, queima o manuscrito e lhe dá uma das pistolas de seu pai, dizendo-lhe para atirar em si mesmo. Løvborg leva porém um tiro acidental em um bordel, e Brack, que sabe de onde a pistola veio, usa esse conhecimento para chantagear Hedda, para que ela se torne sua amante. Thea e Tesman se ajudam num trabalho de reconstrução do manuscrito de Løvborg através da anotações que Thea manteve. Quando Hedda percebe que ela está no poder de Brack e não tem mais nada para viver, ela se suicida com a segunda pistola do General.

Fonte[8]

Considerações críticas

Otto Maria Carpeaux defende que, em Hedda Gabler, Ibsen “conseguiu uma de suas criações mais perfeitas, que se considera e é considerada genial por ser caprichosa, inadaptada, histérica, é uma figura extraordinária, irradiando a sua vitalidade nervosa e irritante por toda a peça; em particular, sobre aqueles dois homens que ela arruína, o marido Tesman e o amante Løvborg”. Carpeaux considera que “no pensamento de Ibsen aproxima-se a hora dum grande dia de julgamento. Nesse julgamento o réu será o ‘homem superior’, que começara como fanático da ‘exigência ideal’, continuou como anarquista ideal, e fica vencido como gênio malogrado. Contra ele, o último produto da civilização intelectual, revoltam-se as forças da natureza elementar, encarnadas em mulheres histéricas”.[9]

Graça Aranha considera que “Hedda Gabler é um destino trágico. A sua tragédia é quase animal, a tragédia da sensibilidade, a tragédia da dominação. Hedda Gabler é uma vontade que necessita vencer as forças humanas. (...) O gênio de Ibsen nos afirma nesse drama magistral que só há tragédia no que é insolúvel para o destino humano. (...) Em Hedda Gabler há alguma coisa de insolúvel, portanto uma tragédia eterna, como não há solução humana possível para Prometeu e Hamlet”.[10]

Histórico

Gossensass, aldeia do Tirol onde Henrik Ibsen conheceu Emilie Bardach e onde pode ter iniciado a peça Hedda Gabler.

Hedda Gabler foi a última das peças de Ibsen a ser publicada enquanto ele estava vivendo no exterior, e foi escrita em Munique, em 1890.[11]

Durante o verão de 1889, quando estava em Gossensass, pequena aldeia alpina do Tirol, Ibsen conheceu a vienense Emilie Bardach, de 27 anos, por quem se apaixonou. Emilie Bardach voltou a Viena, e os dois se corresponderam durante algum tempo. No entanto, não há indicação clara de que Hedda Gabler estava em processo já nessa época.[11] De acordo com uma carta enviada a August Larsen, da Gyldendal, em Copenhague, a peça estava pronta em 16 de novembro de 1890.

Ao longo da realização da peça, Ibsen alterou o título de "Hedda" para "Hedda Gabler". Em uma carta datada de 4 de dezembro para Moritz Prozor em 1890, que traduziu a peça para o francês, Ibsen explicou que havia escolhido "Gabler" em vez de "Tesman", para indicar que uma personalidade como ela deve ser considerada "mais como filha de seu pai, do que esposa de seu marido".

Primeira edição

Poster de Alla Nazimova como Hedda Gabler, 1907.

A edição Gyldendal

Hedda Gabler foi publicada pela Gyldendalske Boghandels Forlag (F. Hegel & Son), em Copenhague e Christiania, em 16 de dezembro de 1890, com uma tiragem de 10000 exemplares.

A reação ao livro foi negativa, e os críticos definiram Hedda apenas como uma personagem feminina "enigmática" e "incompreensível". Não havia qualquer sugestão de reforma social ou simbolismo óbvio.[11]

A edição Heinemann

Na verdade, Gyldendal não foi o primeiro a publicar Hedda Gabler. Em 11 de dezembro de 1890, o editor inglês William Heinemann publicou a peça em Londres, em norueguês, com uma tiragem de apenas 12 cópias. Ele fez o mesmo com todas as peças subsequentes de Ibsen.

O motivo de Heinemann ter feito tal publicação foi ter notado a crescente popularidade de Ibsen na Inglaterra. O autor se tornara um sucesso, após sua introdução na Inglaterra pelo crítico literário Edmund Gosse. A produção de “A Doll House” no Novelty Theatre, em Camden, marcou sua descoberta no teatro. A peça foi dirigida pelo irlandês Charles Charrington, e o papel de Nora foi interpretado por Janet Achurch. A primeira noite foi em 7 de junho de 1889, e foi de enorme importância para estabelecer a reputação de Ibsen em Inglaterra. Em conjunto com a publicação, William Archer estava trabalhando em sua edição inglesa das peças completas de Ibsen, cujo primeiro volume saiu em novembro de 1890.

Heinemann estava interessado em garantir os direitos do autor para a publicação de Hedda Gabler, na Inglaterra. Ele ofereceu £ 150 para Ibsen, e que a oferta foi aceita. A fim de garantir seus direitos, Heinemann publicou pela primeira vez a peça no original e depois, a 20 de janeiro de 1891, a tradução para o inglês de Edmund Gosse.[11]

Estreia

Hedda Gabler teve sua primeira apresentação no Residenztheater, em Munique, a 31 de janeiro de 1891. Ibsen estava presente na primeira noite, e parece ter ficado descontente com a atriz que interpretou Hedda, Clare Heese, pois sua atuação foi muito declamatória. Os críticos também foram reservados em seu julgamento. A recepção pelo público foi mista, com aplausos e vaias.

Cinema e televisão

Henrik Ibsen fotografado por Gustav Borgen.

Traduções na língua portuguesa

Peças no Brasil

Eleonora Duse, atriz italiana que representou Hedda Gabler pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1907.

1907

Anos 20

1937

1965

1982

Adaptações para televisão

1960

1961

Notas e referências

  1. O editor inglês William Heinemann publicou a peça em Londres - na língua original - em apenas 12 cópias. In: Processo criativo de Hedda Gabler (Ibsen.net)
  2. a b c d e Silva, Jane Pessoa da (2007). «Tese». Ibsen no Brasil. Historiografia, Seleção de textos Críticos e Catálogo. [S.l.]: USP 
  3. «Tetra Base» 
  4. Provavelmente em 1965, Clarice Lispector e Tati de Moraes a traduziram para a peça “Hedda Gabler”, realizada em 1965, porém não foi edição em livro. Apud SILVA, Jane Pessoa, 2007, p. 441
  5. «Wikipédia» 
  6. The Oxford Ibsen, Volume VII, Oxford University Press 1966. In: Ibsen.net: Personagens de Hedda Gabler
  7. National Library of Norway
  8. Merete Morken Andersen, Ibsenhåndboken, Gyldendal Norsk Forlag, 1995. In: Sumário de Hedda Gabler (Ibsen.net)
  9. Carpeaux, Otto Maria (1984). Estudo Crítico Henrik Ibsen. [S.l.]: Editora Globo. 51 páginas 
  10. Aranha, Graça (1921). «In: SILVA, p. 221». A Estética da Vida. [S.l.]: Rio de Janeiro: Garnier. pp. 210–213 
  11. a b c d Ibsen.net. Processo criativo de Hedda Gabler. [S.l.: s.n.] 
  12. a b «"Hedda Gabler"». Consultado em 20 de novembro de 2011 
  13. Ministério de Educação e Cultura
  14. Associação Paulista de Críticos de Teatro
  15. ”O Primeiro Centenário de Ibsen: a obra e a vida do genial escandinavo”. Correio Paulistano, São Paulo, 20 março de 1928. In: SILVA, Jane Pessoa, 2007. p. 547
  16. Essa produção foi noticiada no Correio Paulistano de 20 de março de 1928, portanto, presume-se ter sido uma produção realizada naquela cidade, assim como a data, mediante tal notícia, aventa-se ter sido nos anos 20.
  17. DORIA, Gustavo A. Moderno Teatro Brasileiro. Crônica de suas raízes. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1975, p. 39. In: SILVA, Jane Pessoa, 2007. p. 548

Referências bibliográficas

Ligações externas